terça-feira, 30 de junho de 2009

Buffy anuncia: Vou voltar!

É oficial. Os vampiros estão dominando o mundo (de novo). Eles andavam escondidos nas profundezas escuras, mas é sempre assim. Eles vão, passam um tempo e voltam de novo. Na década de 80, por exemplo, teve Vamp no Brasil. Na de 90 e início dos anos 2000 teve Entrevista com o Vampiro (filme, que já era livro), Vampire Diaries (livro)*, Angel (série de TV), etc. Em 2002, no Brasil, ainda teve O Beijo do Vampiro. (Teve mais coisa, mas eu estou sendo sucinta aqui). E agora com Crepúsculo, a vampiromania está de volta e com força total.
*a palhaça da Meg respondeu uma vez que ela colocou o nome da série dela de Princess Diaries pra ficar parecido com o nome dessa série aí, mas com certeza foi brincadeira da parte dela.
Na cola de Edward Cullen vêm a super aclamada pela crítica True Blood (a protagonista é a Vampira dos X-men, mas ela não é vampira na série), o CW já encomendou uma adaptação televisiva da série literária Vampire Diaries e um canal canadense produz Blood Ties. Até a Record entrou na onda e na novela dos Mutantes, o que não falta é personagem com os caninos avantajados.
Com tanto sanguinário solto por aí, já era a hora de os combatentes desses seres do mal reaparecerem e começarem a acabar com eles porque vamos combinar, já está enchendo o saco. Ao que parece, as minhas preces foram atendidas e agora além de a RedeTV estar exibindo Buffy, a caça vampiros todos os dias (há algum tempo era uma vez por semana, mas com a proliferação acelerada dos mesmos, eles tiveram que tomar uma providência e colocá-la para trabalhar diariamente rs), anunciaram que estão pensando em fazer um outro filme da Buffy.
Espera aí, galera, que eu já tô chegando!
Eu, inimiga dos vampiros, vibrei com a notícia. Vou confessar a você: também nunca fui muito com a cara da Buffy, mas de uns tempos pra cá eu tenho até assistido ao seriado só pra ver ela dando umas estacas neles. Sim, parte disso é porque tomei um ódio tremendo da turma do Ed Cullen.
Cara Buffy Summers, por favor vá caçar Edward Cullen...
Ih, virou Purpurina!
Para quem não sabe de quem eu estou falando, aí vai a sinopse - da Wiki, porque eu estou com preguiça de escrever uma.
Buffy Anne Summers descobriu, quando ainda era uma adolescente, que não era uma menina comum. Buffy é uma das escolhidas para lutar contra o mal, forte e corajosa que tem um destino a cumprir: proteger o mundo de monstros. Assim, depois de ser treinada por seu Guardião, Giles, ela vai alternar sua vida entre matar vampiros e demônios e curtir sua vida em Sunnydale, uma cidade que abriga a Boca do Inferno, de onde saem os piores seres possíveis. Buffy conta ainda com a ajuda de seus amigos Xander e Willow.
Willow: Por que ele virou uma pilha de purpurina? /
Buffy: Eu nunca estive tão feliz de matar alguém. /
Spike
(esse é que vampiro de verdade): Eu acho que eu vou catar aquela namorada chata dele pro jantar.

O seriado é tosco e os efeitos são péssimos (isso a gente tem que perdoar. Em 1997 não tinha nada muito melhor que aquilo). Mas Buffy é daquele tipo “é ruim, mas é bom”. É um clássico. Tem bonequinhos de colecionador a lá Star Wars. A crítica da época elogiou horrores. Acadêmicos se reuniram para discutir a série. Tem até livro: Buffy e a Filosofia! É quase uma obrigação assistir, nem que seja pra saber do que se trata (ou rir da qualidade dos efeitos).
Mas eu gostei da Buffy. Tem tudo o que uma série tem que ter. A cada episódio tem um vilãozinho que ela tem que derrotar. E também tem os amigos da Buffy (um deles apaixonado por ela, só que ela gosta de outro. Típico!) mais o professor que a ajudam a acabar com o monstro do episódio. E eles estão na escola (pelo menos nas primeiras temporadas), convivendo também com todos os problemas que isso traz. Enfim, não tem nada de muito diferente do início de Smallville, na época em que era legal. Obs. Importante frisar que a série também não é preconceituosa. A Willow é ruiva! rs
Apesar de absurda e assumidamente pop, a série ainda é feminista e se preocupa em elevar o potencial da mulher. Coisa que a geração atual também está precisando reaprender porque andam sendo levadas pelo mau caminho por umas novas Bellas aí que não vêem mais sentido na vida se não tiverem um cara e largam tudo para ficar com ele “pra sempre”, mesmo que ele ameace a sua vida. Na minha época as Belas até ficavam presas no castelo com a Feras, mas só pra livrar a cara do pai!
Em Buffy, os monstros mais machistas são os que têm as piores mortes e apesar de ela e o Angel se gostarem, eles percebem que o relacionamento não tem futuro, uma vez que ele põe a vida dela em risco. Então, eles terminam e seguem em frente livrando o mundo de outros monstros maus. Depois vocês me atualizam da história do Spike, porque nessa parte, eu realmente estou por fora, ok?
Eu pessoalmente acho o Angel um chato. Desde a época que passava o seriado na Globo. A inexpressividade dele comove. E ele tem cara de velho também. A Buffy é novinha, gente! Sou mais o Xander. (Eu sempre tomo partido dos melhores amigos rejeitados.) Ah, e como ele, o Xander, é a parte masculina da Scooby Gang – sim, é uma referência a Scooby Doo e sim, a atriz é a mesma que fez a Daphne no filme. Coincidências da vida...- também é o único que não tem poderes no trio. O produtor da série levou ao pé da letra aquela história de Poder Feminino. Rs
Resumindo, em Buffy os homens são meros coadjuvantes. O que é a maior verdade! Falando sério, se não for pra abrir tampa de palmito, trocar pneu e matar barata, pra que servem os homens? Nada! rsrsrsrs
Agora eu entendo porque ela é tipo ídola de uma geração. Ela é durona, é esperta e acaba com os vampiros mesmo. Ah, e a Sarah Michele Gellar (a Buffy) arrebenta! Teve um dia que ela deu uma voadora no cara que me deixou de boca aberta. Dá até pena de não ter dado apoio a ela no passado (se bem que com 7 anos, ia ser difícil eu assistir isso mesmo).
Repare na Scooby Gang ali atrás vibrando com o golpe.
Então, se você não tiver nada pra fazer na hora do almoço, liga lá na Buffy e dá uma força porque ela merece. É um ícone. É divertida. É filosófica. Passa valores legais. E o melhor de tudo: dá um jeito nesses dentuços abusados que andam soltos por aí. Go, Buffy, Go!
Pergunta: Qual a brincadeira de escola que os vampiros menos gostam?
*Estaca do vampiro* hahahahaha
Obs. Entretanto, o que mais me animou com a notícia do filme foi que, além de a Buffy voltar para dar um fim nessa vampirada, foi um comentário absolutamente inocente do DP10 em que os personagens comentavam que o produtor Joss Wheton devia fazer um outro filme da Buffy. Foi inocente porque o livro foi escrito tipo há mais de um ano, antes do filme dos Cullen transformar os draculinhas em febre mundial novamente. Então, quando eu li a notícia eu tive que rir. Até um pouquinho a mais do que o normal (eu não sou normal mesmo). Como é que pode, cara? E ela não tem nem contato com ninguém da área para ter dado a dica, e nem as pessoas na época pensavam nisso também. Agora eu tenho uma teoria: a Meg é vidente. Devia ter um seriado só pra ela: As visões de Meg. Rsrs Sério. Foi só coincidência, porque o tal do Joss nem está envolvido no projeto.
Obs2. Brincar de Estaca do Vampiro é muito simples. É bem parecido com 'Chapa do Pulmão'. Também nunca brincou disso? Ok, nunca é tarde para aprender. Estaca do vampiro consiste em surpreender o companheiro com uma 'estacada' (com a mão) no coração do amigo seguido de um grito: "Estaca do Vampiiiiro". Depois você tem que esperar o c0lega ficar distraído e retribuir a estaca. A única diferença para 'Chapa do Pulmão', é que, nessa outra brincadeira, ao invés de dar uma estaca, a gente "tira uma chapa do pulmão". Eu sei, é meio besta, mas fazia um sucesso danado entre os meninos lá na escola e era bem engraçado ver eles se esforçando para dar sustos uns nos outros.
Obs3. Se a Buffy do novo filme for a Megan Fox, eu não assisto nem de graça. Se bem que eu acho que eu não ia assistir de qualquer jeito. O filme não vai ter nada a ver com a série. E eu nem gosto tanto da Buffy assim, apesar de reconhecer o seu valor na TV.
Obs4. Esquece o que eu disse sobre assistir na ReveTV! O texto já tem um tempo e estava engavetado, ficou desatualizado essa semana. Acabaram os episódios que a RedeTV! tem e agora tá passando Pokemon. Não vou reclamar porque Pokemon também é mara!
Obs 5. Leitores do sexo masculino, não se sentam ofendidos com o post. É tudo brincadeira. Imagine só se eu fosse levar a sério toda vez que o professor do curso de inglês fala que mulher no volante é um perigo pra sociedade? Rs!
Edit: Opa! Acabei de descobrir que alguém ficou muito incomodado com as atitudes dos personagens de Crepúsculo que tornou o embate Buffy vs. Edward realidade. Aqui a explicação para o vídeo. E aqui você confere o encontro do século. Ficou perfooo!
Edit 2: Uma canção para os meninos que sofrem com as comparações com Edward Cullen. Aqui a letra.
E... O que o iGod diria para o vampiro de Stephenie Meyer.
Continue lendo...

sábado, 27 de junho de 2009

A gente não quer só comida

Conforme o prometido, hoje darei a receita de como foi feita a Pizza de Crepúsculo, mas, por favor, não tente fazê-la em casa. O resultado é desastroso. Mesmo assim, preste atenção para aprender como NÃO fazer uma pizza e principalmente, não comer uma dessas quando você encontrar por aí.

a) Massa
Pizza que é pizza não pode deixar de ter pelo menos a massa. E, para ficar boa mesmo, o pizzaiolo deve amassar e amassar e bater até ela ficar no ponto.

Digamos que a massa do livro-pizza seja o enredo. Aquele arco elementar que rege o livro. O basicão de qualquer história. O famoso “início, meio e fim”.

Pois bem, a pizza Crepúsculo tem uma massa mal amassada e falta fermento (conflito). A autora simplesmente pegou a farinha, jogou o ovo com casca e tudo, bateu um pouquinho e achou que isso bastava. Ela teve aquele sonho, mas não o desenvolveu. Limitou-se a repeti-lo por 400 páginas. E depois, não satisfeita, o repetiu por mais outras mais de mil páginas, se você considerar as continuações. Mas, como eu só li o primeiro, vou manter os comentários só nele.

Demora-se muito para engatar o romance de fato e este só começa porque o cara fica vidrado no cheiro de sangue da menina e não consegue ler a sua mente (hã?) e a garota o adora por causa do bafo de hortelã hipnotizador dele. Antes mesmo de eles saberem qualquer coisa um do outro, já estão completamente apaixonados. (Mas que droga de romance é esse? O que aconteceu com os personagens que se aproximavam por afinidade ou coisa parecida?). Antes disso, o mocinho salva a mocinha inúmeras vezes sem razão aparente, e, mais à frente, quando a menina vai conhecer a família do cara, aparece um vampirão do mal DO NADA que quer porque quer matar a mocinha (sério. Até esse momento, não havia sido feita nenhuma menção ao vilão. No filme, pelo menos, o cara aparecia no meio). E a partir daí, só o que há é uma correria para salvar a garota. Ah, o mistério e a sensualidade que a sinopse sugere também não existem.

Eu diria que a massa da pizza Crepúsculo parece um queijo suíço (ou as estradas brasileiras) de tanto buraco. Muita coisa fica sem explicação e elas são do jeito que são simplesmente porque sim. “Por que o Edward brilha? Por que a Bella é tão desajeitada em Forks se ela se virava tão bem na outra cidade, que era bem maior? Como é que os vampiros fazem com relação a seus documentos datados de séculos atrás? A Bella não menstrua, não?” são só algumas das questões que ficam sem resposta.

b) Molho de tomate
 Todo romance que se preze tem que ter bons personagens. E toda pizza que se preze tem que ter molho de tomate. Eu sei, há casos de pizzas doces, sem molho de tomate, mas você entendeu o meu ponto.

O molho de tomate da pizza Crepúsculo é um molho raliiiinho e ainda vem com uns pedaços de tomate picados que não foram devidamente liquidificados. Como o livro não foi planejado, a autora não se preocupou em desenvolver seus personagens. Eles são rasos, e por muitas vezes inúteis ou pouco verossímeis. É até difícil se identificar com qualquer um deles, uma vez que são tão insípidos.

Passei quase o livro todo tentando descobrir quem era a protagonista. Do que ela gostava e não gostava, o que ela fazia, qual era a dela, afinal de contas. Ao final da obra, concluí que ela era mesmo uma personagem autista e muito mala. Supostamente ela é inteligente e esperta, já que percebe algo errado com os Cullen logo no primeiro dia. Mas na verdade ela faz mesmo o gênero mocinha indefesa, e é tão completamente dependente do vampiro pelo qual se apaixona à primeira vista que quer logo que ele morda o seu pescoço para que ela se transforme numa vampira também (eu já falei, e vou repetir. Não sei para que ela quer viver para sempre. Tá legal, ela vai ficar com o Edward PRA SEMPRE. Mas pra que viver PRA SEMPRE se não se pode ter os dois maiores prazeres da vida: comer e dormir? E não vou nem entrar na discussão que acusa a série de machismo, porque ia render pano pra manga). Além de não ter amor à própria vida e ser muito sem noção, - ela pra morrer e preocupada se o Edward, QUE NÃO MORRE NUNCA, estava bem foi imperdoável – Bella não tem nenhum hobby, nenhuma habilidade especial, não interage com o resto do mundo, nem tem opinião sobre nada relevante e nem nenhuma história interessante para contar.

O mesmo se pode dizer dos personagens coadjuvantes absolutamente dispensáveis para obra. Na verdade, eles estão lá fazendo uma mera figuração. Sua relevância para a história é nula. Os meninos da escola só fazem convidar a Bella pra sair (não entendi a razão de tanta sensação. Só porque “o nome dela quer dizer beleza e não há melhor nome pra ela”? Acho que se fosse esse o motivo, aos 17 anos ela já teria sido convidada para inúmeros bailes na sua cidade natal) e as meninas só fazem ficar com inveja porque os meninos não as convidam, entretanto, também não representam qualquer tipo de ameaça ou rivalidade à protagonista.

A família do Edward, que por um momento eu achei que ia render uns personagens interessantes, só aparece quase no final, e antes que a gente se acostume com eles, já estão todos correndo atrás do vampirão do mal.
Agora sobre o Edward. A autora é apaixonadérrima pelo Edward. Dá pra ver a baba dela escorrendo no teclado ao escrever. Só faltou ela criar um personagem com o próprio nome e agarrar ele no livro. A história, assim como a mocinha, é absolutamente dependente dele. Sem o Edward, não há Bella, bons diálogos e nem Crepúsculo. Sem dúvidas, ele é o personagem-chave da série. Edward é o tomate do molho. Mas ainda assim, não é um tomate que eu escolheria na feira.

Todo mundo dizia que ele era lindo, maravilhoso, romântico, tudo de bom. Não consegui ver nada disso. Edward ficou longe da tal perfeição que autora tentou convencer a todos no grito. E ele padece do mesmo mal da falta de opinião dos outros personagens que o cercam. Para ser um herói legal, ele deveria FAZER coisas interessantes, ao invés de só usar seus poderes e salvar a garota 400 vezes. Ele deveria fazer coisas... humanas, por mais vampiro que fosse. Mas tudo o que ele é e faz deriva de sua natureza vampiresca. O hálito, a pele, a supervelocidade, o dom de ler mentes... Ok, ele gosta da garota. Mas ele só fala que ama a menina, enquanto suas atitudes, por mais justificáveis e bem intencionadas que sejam, cansam. Num momento ele não quer nada com ela, no outro desiste de tentar se afastar, no outro não quer intimidade, no outro invade o quarto da garota e jura amor eterno... E é tudo sem a menor explicação para ele mudar de opinião tão repentinamente. E eu ainda nem falei daquele negócio de ficar espionando a menina dormir durantes meses. Para uns é romântico. Para mim isso tem outro nome: Perseguição doentia.

Abro um parêntese para elogiar um personagem. O pai. Ele devia ter mais espaço no livro. É o mais legal de todos porque age exatamente como um pai normal agiria. Sem noção, não faz a mínima idéia de como conversar com a filha, mas tenta se aproximar todo sem jeito... Cara, quem não tem um pai assim? Todos os momentos do pai são bons. Sacanagem a Bella não gostar de chamá-lo de pai. No início tudo bem que eles não tinham intimidade, agora depois de tanto tempo... Sinto pena do Charlie, tadinho. Ninguém merece uma filha assim.

c) Queijo, catupiry, banana e canela
Mesmo que a massa não seja a melhor do mundo e o molho não seja aquele de lamber os beiços, a pizza às vezes ainda é boa por conta do recheio que recebe. Infelizmente, o recheio da pizza Crepúsculo é enjoativo e faz a gente comer fazendo careta.

Em inglês, a palavra para “brega, cafona” é “cheesy”. Não sei se tem a ver, mas vou tentar fazer uma análise etimológica da palavra. Cheesy talvez venha de cheese (queijo), logo cheesy seria “cheio de queijo”, o que no final das contas seria uma coisa muito melada, brega, mesmo.

Pois bem, o recheio da pizza Crepúsculo é cheesy. Tem queijo demais e dificulta a deglutição... E pra completar, o catupiry, depois de um ou dois pedaços, começa a revirar o estômago. Fora a banana e a canela que são muito doces.

O recheio a que eu estou me referindo aqui são as descrições precárias, a narrativa capenga e os trechos de querer fazer vomitar. Eu geralmente não presto atenção nesse tipo de coisa, mas a situação nesse livro estava tão suplicante, que eu até lembrei daqueles trabalhos que a gente fazia no Ensino Médio para a tia Talita e cheguei à conclusão que nem essa parte que era a mais chata e inútil de explicar era bem feita.

Começando pelas descrições altamente repetitivas ou ausentes... Cansa a vista ter que ler as palavras “perfeito” e “lindo” e “sorriso torto” e “perfeito” de novo toda a vez que o Edward, ou algum outro membro da sua família aparece. Tudo bem, ele podia até ser perfeito mesmo. Mas custava explicar por quê? Variar os adjetivos e as características que o fazem atraente também seria bom – colocando características psicológicas de preferência. E aquela história da “pele branca e suave”? Ah, vai te catar, vai! Parece até propaganda de sabão em pó. Eu já li FANFIC com descrições melhores!
Quando não são repetitivas, são descrições inúteis ou não há descrição. A escritora fala muito que a floresta é verde, e que é verde e que é úmida e que é molhada e blábláblá. E isso também pode ser explicado pela falta de pesquisa. Se ela tivesse ido a Forks pelo menos uma vez, teria argumentos melhores para encher o livro do que dizer que a floresta é verde. Perceba que quando a história passa para Phoenix, um lugar que ela de fato conhece, a riqueza de detalhes do ambiente é muito maior. Ela descreve com exatidão o aeroporto, a saída do banheiro, a porta... Fica fácil escrever sobre algo que você conhece (regrinha número 2 bombando)... Agora, digamos que Forks simplesmente não existisse, e fosse uma cidade inventada por Meyer. Aí o problema não seria nem falta de pesquisa. Mas falta de talento e imaginação mesmo.

Li muitos comentários de gente falando que a narrativa é fraca porque é em primeira pessoa e fica tudo muito restrito e que (sic) “escrever em primeira pessoa até eu”. Eu, pessoalmente, prefiro os romances em que o narrador também é personagem. Acho que ele e o leitor ficam muito mais íntimos. É verdade que a narrativa em primeira pessoa restringe os fatos sim, mas o escritor deve tirar vantagem dessa restrição e lançar dúvida ao leitor que só tem acesso àquele ponto de vista. Mas em Crepúsculo nada disso ocorre. Não há espaço para o leitor criar qualquer teoria, uma vez que os personagens em volta da protagonista são tão vazios quanto a narradora e não há conflito algum. Só a menina repetindo incansavelmente quão “perfeito” o Edward é e ele respondendo com aquelas cantadas baratas.
Eddie Bravo
Tem uma outra teoria, essa bem mais consistente, que diz que se o livro fosse do ponto de vista do Edward seria melhor. Talvez. Realmente ele é O cara do livro. Todas as decisões e dilemas estão em suas mãos. Faria mais sentido ele narrar mesmo. Assim, talvez a gente até odiasse menos a mocinha (ou não). Talvez se a autora seguisse a regrinha número 3, ela tivesse percebido isso antes. Eu passei o olho no tal do Midnight Sun e realmente a teoria se comprova. A narrativa dele é bem melhor. Mas sem um enredo decente, não sei se seria tão melhor assim. E outra: esse livro meio que se apóia no primeiro volume. Também não sei se ele lançado de primeira funcionasse tanto.

Mas isso são só suposições, porque se fosse o Edward o narrador, mas se mantivessem diálogos como:
"Se eu pudesse sonhar, eu sonharia com você. E eu não me envergonho disso".
"Eu deixo você tonta?" "Com muita freqüência."
"Me deixa... angustiado... ficar longe de você. ""Você é minha vida agora."
"E então o leão se apaixona pelo cordeiro" "Que cordeiro idiota" "Que leão masoquista e doentio”
a sensação de náusea seria a mesma. Cara, ninguém fala esse tipo de coisa! Cadê a verossimelhança?

Saideira

Mas o que mais me deixa boba é como essa mulher conseguiu ganhar tanto dinheiro com um negócio tão ruim. Não é questão de gosto. É porque é mal feito. Nem as descrições foram boas. Na boa, qual o sentido de ficar adjetivando mato? E, gente, é sério, eu não estou de implicância. Eu juro que tentei gostar, mas simplesmente não deu.

E não é alguma coisa do tipo: “Ah, mas nos outros livros melhora”. Não! Na verdade, nos outros livros as coisas desandam ainda mais. Eu sei porque, ao contrário de Stephenie Meyer, eu segui as três regrinhas básicas para escrever seu texto e não só pesquisei (li milhares de resenhas e fóruns de discussão sobre todos os volumes da série, mais site da autora e entrevistas com a mesma. Se bobear tô sabendo mais de Crepúsculo do que muita gente que gosta e leu todos os livros), como dei tempo para amadurecer e planejei o meu texto (eu li o livro em março, mas só agora estou fazendo a crítica, depois de muito discuti-lo e, inclusive, assistir o filme de novo) para não sair escrevendo bobagem.(se esse texto fosse de março era provável que tivesse um nível mais baixo rs).

É até uma afronta a imprensa comparar isso com Harry Potter. Eu que nem li Harry Potter me senti ofendida. Harry Potter tem “início, meio e fim”, gente!

Para ampliar é só clicar

Showdown: HP vs. Twilight by =EmpressFunk on deviantART

Às vezes eu fico com pena das pessoas que não conseguem ver isso. Às vezes eu fico com raiva da escritora por estar ganhando dinheiro às custas dessa cegueira. E às vezes eu fico com raiva das pessoas que são muito cegas.

É uma pena que tenham tantos autores tentando serem publicados, talvez alguns até bons, e esse negócio nas prateleiras. Ai, ai! A vida é mesmo muito injusta! Edit: Eu sempre me perguntei como é que uma editora colocou isso no mercado. E em tão pouco tempo - entre o sonho e aceitação do livro foram só 6 meses! Até outro dia em que eu resolvi descobrir que editora era essa. A Wiki respondeu. Tinha que ser uma editora ruim, eu sabia. Era a mesma que publicou um livro repleto de trechos plagiados de outros livros há alguns anos. Se ela tinha deixado um livro com plágio chegar às prateleiras, publicar Crepúsculo era o de menos.

E o pior: a literatura adolescente, que vinha até ficando divertida ultimamente, está andando quilômetros para trás de novo. Agora com o melodrama em alta, haja saco pra agüentar livro de meninas em coma, meninas que cometem suicídio, meninas grávidas, meninas com AIDS, meninas órfãs... Affe! Já não bastavam os emos, não? Cadê a Buffy quando a gente precisa dela, hein?

Bom, o conselho está dado. Se você não acredita em mim ou é masoquista igual ao leão ali da frase, leia Crepúsculo. Se eu fosse você não arriscava. Depois demora um tempão pro anti-ácido fazer efeito no organismo...
Depois de pronta.
Vai encarar?

PS. Antes que as fãs cegas me ataquem (caso alguma ache esse blog), essa é só a minha opinião, e não, não vou tentar fazer melhor. Já disse: não sou escritora, não sou formada em letras e sei que meus textos estão longe de serem perfeitos. Por isso sou blogueira e não autora de livros. Mas também sou leitora, e acho que isso já me qualifica para dar opinião. Ou você não se considera qualificado para avaliar a pizza que você encomendou?
Continue lendo...

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Muito triste a notícia da morte do Michael Jackson. Estou de luto. ;( Poxa, vida! Ele ia até voltar a fazer shows esse mês! Mais triste ainda é saber que ele teve tudo na vida, mas morreu só e infeliz.

Infelizmente, descobri tardiamente porque ele tinha tantos admiradores. Durante um tempo deixei-me influenciar pelos escândalos noticiados e não dei bola para as músicas de Michael. Coisa de adolescente bobo. Mas, um dia há uns 3 ou 4 anos, não sei porque, baixei uma coletânea com os maiores sucessos do cara e tive que dar o braço a torcer. O CD, de quase 20 canções, era bom do início ao fim e as músicas certamente mereciam todo o sucesso que fizeram.

Michael Jackson era (e ainda é) simplesmente o MAIOR ídolo pop de todos os tempos. O clipe e a dancinha de Thirller são clássicos. O disco vendeu igual água no deserto - mais de 100 milhões de cópias! Sabe quando outro disco vai vender tanto assim? NUNCA!


Dá a maior vontade de arriscar uns passinhos, não dá?

As músicas dele já têm mais de 20 anos e mesmo assim o som continua super-atual. Ele inventou a música pop como a conhecemos. A sonoridade, os videoclipes, as mega-turnês, as coreografias... Tudo isso é Michael Jackson. Não há nenhum artista que tenha surgido depois dele que não tenha sido influenciado por MJ. Justin Timberlake, Chris Brown, Maroon 5, boys band e até HSM tem uma pitadinha de Michael.

E o bacana dele é que dá pra perceber que não era uma coisa de marketing, bolada por uma grande equipe que o explorava, ou que fazia as coisas só pra aparecer. É talento puro. O menino cantava desde molequino! E não só cantava como dançava MUIIIIITOOOO! E cantava o que queria. MJ se envolvia ativamente na produção dos cds, na criação dos clipes e na elaboração dos shows.

É por essas e não por outras (a vida pessoal dele é um caso à parte) que não é nenhum exagero dizer que Michael Jackson foi, é, e vai ser difícil deixar de ser o Rei do Pop.

Chega de tristeza! Relembrando coisas bizarras agora

1. Hoje na TV só deu Michael Jackson. Todos os jornais arranjaram um jeito de falar dele. Até o GloboEsporte. E à noite ainda tem um Globo Repórter especial. Não rolava um especial de morte desses desde a morte da Lady Di, a princesas do povo. Mas o Michael também é da realeza, então tá explicado, né!

2. Tinha uma colega da Esther que tinha um periquito chamado Michael Jackson. Ele tinha esse nome porque ela garante que um dia viu ele fazer o moonwalk (aquele passinho que anda pra trás). Michael Jackson - o periquito - já se foi há muito tempo. Descanse em paz. Obs. Só pra constar o cachorro dessa menina chamava Ricky Martin - mas aí eu não sei qual o motivo. Acho que era só porque ela achava o Ricky bonito mesmo.

3. Tinha um menino que estudou comigo que era negro e dizia que todas as personalidades negras eram seus parentes: Will Smith, Eddie Murphy, Benedita... Como o Michael mudou de cor, ele dizia que era renegado da família. rsrsrsrs

4. E a história das três princesas de um planeta distante que eram filhas da Gisele Bunchen com o Brad Pitt e que não podiam sair na rua e por isso tapavam o rosto com um pano igual aos filhos do Michael Jackson que a Fe inventou? Muito louca essa história!

5. Sandy sobre a morte de MJ:
Fiquei muito triste com a notícia. O Michael Jackson fez parte da minha infância, e foi um dos meus grandes ídolos. Na minha opinão, seu talento musical era indiscutível. Penso que ele é como uma lenda: imortal, vai ficar para sempre na história
Tá, né, Sandy!

Edit: Mais piadinhas "humor ex-negro" da morte do MJ
Continue lendo...

domingo, 21 de junho de 2009

Como não escrever seu texto

Lembram que eu tinha dito aqui que tinha achado o filme do Crepúsculo legal e até tinha ficado com vontade de ler o livro? Pois é. Eu ainda relutei um pouco, mas quando acabaram os outros livros que eu tinha para ler, peguei o Crepúsculo. Posso dizer uma coisa? Foi a maior decepção que eu tive em anos. A maior da vida, até. Achei o livro muito, muito, muito ruim. Fiquei traumatizada. Foram meses até eu superar e enfim escrever uma crítica. Eu tenho até que concordar com a reportagem da Época que dizia que o livro era emo. Quando chegaram as 50 últimas páginas, eu queria jogar o livro na parede de tanto ódio. E olha que eu não sou desse tipo de gente. Minha irmã é que odeia tudo. Eu sou aquela que acha alguma virtude naquelas coisas que não têm qualidade alguma.

E não estou dizendo que não gostei porque não é o meu estilo de leitura. É porque é mal-feito de dar dó mesmo. Já li quase uma centena de livros ou mais, porém, só outros 3 livros despertaram o meu ódio profundo como Crepúsculo despertou. Segue a listinha em ordem cronológica de leitura:

  1. Um livro em que um garoto ia para uma caverna que o prof da 5ª série mandou ler
O livro é tão bom que eu não lembro nem o nome. A história era a seguinte: tinha um garoto que queria visitar uma caverna. Aí, depois, não lembro mais como, ele, os primos e um responsável (tinha responsável mesmo?) vão passar o sábado na caverna. Aí ele fica mais da metade do livro nesse lenga-lenga quero-ir-para-a-caverna, depois uhu-vou-para-a-caverna e depois caraca-tô-indo-pra-caverna. Chegando na tal da caverna, eu pensei que eles iam viver um monte de aventuras, achar um tesouro, sei lá. Só que não acontece nada disso! A única coisa que acontece é que a lanterna cai e o garoto fica morrendo de medo de ficar preso para sempre na caverna, aí logo depois alguém pega a lanterna e fica tudo bem! Que droga de livro! Se ao menos tivesse um monstro na caverna que fosse sumindo com todo mundo igual àquele episódio sinistro que a Punky se perde na caverna, ainda valia a pena. Mas o menino só deixou a lanterna cair. Vai ser pouco criativo assim lá longe! Anotação mental: coisas com cavernas no meio são sempre um saco. Não é só por causa do livro não, ou vocês não lembram quão mala era a Lara da Favorita? A Flora é que tinha razão! Ô menina chata!

  1. A hora da luta
Esse pelo menos eu lembro o nome. Tive que ler na 7ª série. A história era a de um jovem de Americana, interior de São Paulo, que ia morar na capital durante os tempos de ditadura nos anos 60. Eu pensei que o cara ia se envolver nos protestos, mudar o Brasil, subir de vida, virar o herói da revolução... Nada disso! O cara era o maior mané. Ele só levava esporro do chefe, bronca da namorada do interior, bebia para esquecer os problemas e ficava bêbado porque não sabia beber. Ele até entrou em umas reuniões dos revoltosos e participou de umas passeatas. Mas foi tudo meio por engano, alguém chamou ele para entrar e ele nem sabia o que estava fazendo ali. Eu pensei que ele fosse aprender, pelo menos, né! Necas de pitibiriba! Acaba o livro... como é que acaba mesmo? Ah, nem sei. Acho que ele voltou para Americana, ficou com a namorada e esqueceu dos protestos. Ou seja, a presença dele lá na bagunça não fez a menor diferença. Nem para o movimento, nem para ele mesmo. Affão pro livro! Lembro-me que tinha que fazer um trabalho sobre ele e eu discorri umas 6 páginas, só falando mal do livro. Pra você ver como eu odiei.

  1. Amar, verbo intransitivo
Também para a escola. Dessa vez pro 3º ano. Não consegui terminar o livro e tive que apelar para os resumos na Internet. Acho que por isso é o que eu tenho menos ódio. Sinopse: Uma família de classe média paulistana no início do século XX contrata uma “professora de amor” para iniciar o filho no assunto e os dois se apaixonam. Aqui o problema não era neeeeem a história, que era meio vazia, mas às vezes a gente releva, mas a pretensão da bagaça. A linguagem era muito rebuscada, do nada vinham umas citações em alemão, o escritor invadia sem avisar os pensamentos da tal professora alemã disfarçada de governanta que viajavam de volta a sua terra natal... A maior maluquice. O autor queria se auto-afirmar como escritor modernista escrevendo difícil, retratando a classe média, blablabla. Nos resumos na Internet também dizia que o garoto crescendo era uma metáfora da cidade de São Paulo que também estava crescendo... Hã? Acho que eu sou muito burra, porque não consegui compreender metáfora nenhuma, uma vez que ele quase não fala da cidade no livro. Mas não sou a única porque conversei com uma professora de português e ela também odeia esse autor e não viu droga de metáfora nenhuma nesse livro. Para os desavisados: não, não é um livro de romance e quando a mulher começa a perceber que o garoto gosta dela e que ela já está começando a ficar balançada, ela faz o favor de se mandar e deixar a família em paz. Fim.

Pois bem. Crepúsculo conseguiu ser pior que todos os três juntos. Ele conseguiu combinar a falta de enredo do livro que o garoto ia para a caverna, os personagens desisteressantes/inúteis do A hora da luta, a pretensão do Amar, verbo intransitivo e ainda acrescentou momentos que dão vergonha alheia no leitor. E eu estou falando SÓ do primeiro livro. Não tenho estômago para ler os outros, que pelo que eu ouço por aí, são ainda piores dos que o primeiro.

Tem gente que diz que não se deve levar o Crepúsculo a sério, porque é literatura adolescente, do tipo fast-food e não foi feito para ser deliciado mesmo. Acontece que eu adoro literatura despretensiosa. Principalmente adolescente. Já li um monte de livros do gênero que são muito bons. Os meus preferidos, aliás. Não tem nada a ver o fato de ser fast-food. Fast-food é legal. Vai dizer que você não gosta de pizza? (Se você não gosta de pizza, tente trocar por hambúrger, cachorro-quente, salgadinho, batata frita, ou afins).

Só que Crepúsculo não quer ser literatura para ser esquecida. Um livro em que sua capa e primeira página fazem citação a nenhum outro livro senão a Bíblia e ainda carrega frases como “E o leão se apaixonou pelo cordeiro” QUER ser levado a sério. Ele está implorando para que você o ache cult. Crepúsculo não quer ser pizza. Crepúsculo quer ser caviar. A autora é tão louca que acha que o seu casal é o melhor de todos os tempos. Olha aqui e vê a resposta dela para a penúltima pergunta, que aliás, não precisa desse tipo de resposta. Alguém faz o favor de internar essa doida, por favor!

Acontece que, apesar de muito desejar, Crepúsculo não é caviar. E mesmo que você tente engolir como pizza, vai ter uma baita de uma indigestão porque o livro não cumpre o básico do básico do que se espera na literatura.

Peço a você um pouco de paciência agora, porque, para entender como a massa e todo o resto ficaram tão ruins, é preciso antes analisar o pizzaiolo e o processo de fabricação da pizza.

Obs. A biografia abaixo foi baseada no próprio site da autora e em entrevistas dadas pela mesma. É claro que eu coloquei um pouco de ironia, mas a essência é essa mesmo. 

Sandra Bullock (a Miss Simpatia) + Bonnie Hunt (a mãe de Doze é Demais) =
Stephenie Meyer, a culpada

Shephenie Meyer é casada, tem filhos, é religiosa, cresceu em Phoenix, Arizona e não gosta de sangue. Nunca leu e nem assistiu a nada com vampiros e nunca tinha escrito nenhum livro antes de Crepúsculo.

Numa certa noite, Stephenie Meyer teve um sonho. Ela sonhou que havia uma menina normal agarrada a um vampiro lindo e brilhante no meio de uma floresta chuvosa. Stephenie acordou no meio da madrugada, pegou o laptop e começou a digitar freneticamente a história de amor daquela menina e do vampiro.


Depois ela percebeu que não sabia nada sobre vampiros e deu uma pesquisada no Google só para não dizer que não procurou nada sobre o assunto. Mais tarde, também percebeu que precisava ambientar sua história num lugar chuvoso e com pouco sol. Então, ela deu mais uma googlada e descobriu a pequena e pacata Forks na Internet.
Mais uns meses na frente do PC e o livro estava pronto.

Na hora de escrever o epílogo, Stephenie ficou com saudade do seu vampiro amado e pensou: “Por que eu tenho que terminar? Ah, não! Não vou deixar ele ir embora”. Aí ela continuou escrevendo freneticamente o resto da série e no fim deu quatro livros muito grandes de pura enrolação.

Percebeu que dona Stephenie desrespeitou as 3 regras que eu citei lá no outro post?

Pois é. Ela escreveu uma história de vampiros, sem gostar de vampiros, nem saber nada deles. Depois, não procurou ler nenhuma obra relacionada, pelo menos para ter uma noção do que se tratava. E não teve nem a DECÊNCIA de visitar a cidade escolhida para ambientar sua trama para dar um pouco mais de realismo em suas descrições. (Por que raios ela simplesmente não inventou uma cidade fictícia?) Ao invés disso, ela se limitou a procurar no Google. E por fim, a idéia do livro foi tida num sonho. Anotação mental: coisas originárias de sonhos geralmente não dão certo. Viu só o caso da banda do Junior? Mas é normal, gente, os sonhos geralmente não fazem sentido mesmo. Por isso não se pode levá-los tão a sério. Eu tenho uma teoria de que se a idéia tivesse sido no banho, o resultado ia ser bem melhor. É sério. O banho é um momento mágico de epifania no qual a gente tem idéias brilhantes. Com o filósofo Arquimedes, a surpresa foi tão grande que ele saiu até pelado pela rua gritando: “Eureka! Eureka!”.
Anotação mental: Idéias no meio do banho são as melhores.

Só que, ao invés de amadurecer e pensar se a sua idéia era boa mesmo, e planejar a história e de que maneira ela seria melhor aproveitada, a mulher simplesmente saiu escrevendo e atropelando tudo. Sabe como é, né... Já dizia aquele velho ditado: “Apressado come cru”.

E já que estávamos falando de pizza e agora o assunto comida surgiu de novo, no próximo post eu dou a receita completa da Pizza de Crepúsculo, porque eu ainda tenho muiiiito o que falar.
A pergunta que não quer calar
Por que você odiou tanto o livro se tinha gostado do filme?

O pior é que nesse caso não é nem aquele caso do tipo “os dois são completamente diferentes”. O filme é até bem fiel. Como eu sou pouco sintética, vou começar com uma citação da Época que resume o porquê de o filme ser um pouco melhor que o livro.
O roteiro do filme dá substância à prosa anêmica e prolixa de Stephenie Meyer. Salpica aventura e suspense(...)

Se você não sabe o significado da palavra ‘prolixa’, pode deixar que eu explico. Uma vez, numa aula de redação, a professora dizia que um texto prolixo é aquele repetitivo, que fica dando voltas e não chega a lugar nenhum. Mas aí, um aluno engraçadinho acabou que resumiu muito melhor o significado da palavra. Um texto prolixo é aquele que está pronto ‘pro-lixo’ de tão ruim. A escrita da autora é assim “pro-lixo”. É sem gosto e não possui nem um pingo do suspense prometido na sinopse.

Isso fora que em filmes geralmente tem toda aquela excitação de ver no cinema, o povo zoando, o burburinho rolando e isso já ajuda a não perceber falhas que ele possa ter. E também nos filmes, geralmente, está tudo bem se aparece um monte de personagens irrelevantes e a história é meio superficial mesmo. São só duas horinhas. Não dá nem tempo de sentir falta deles. Agora no livro a gente fica raciocinando, quebrando a cabeça para tentar adivinhar o que vem depois durante dias.

E o principal: o filme é assumidamente pipoca. Bem no estilo, como colocou muito bem a minha amiga, “aqueles seriados chulé que passam de tarde”. Os efeitos são ruins, a movimentação da câmera balançando também, aquele veadinho correndo no início... Parece até filme feito pra televisão. (Se um dia você estiver assistindo a Sessão da Tarde e o filme for ruim, muito ruim de dar dó, desconfie. Deve ser feito pra TV. O baixo orçamento não permite que saia coisa muito melhor do que aquilo.) Ao contrário do livro que quer ser cult, o filme tem uma placa com luzes em neon piscando e dizendo: "Quero ser o próximo blockbuster e ganhar muito dinheiro". Ele se coloca exatamente onde deveria estar: o de hit da temporada. E desse jeito fica muito mais fácil de engolir, mesmo sendo ruim.

Por hoje chega, na próxima eu comento com mais detalhes.
Continue lendo...

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Como escrever seu texto

Uma vez na aula de português do Ensino Médio, a professora Talita mostrou-nos um conto chamado “A moça tecelã”. O texto servia de base para a ela introduzir o estudo das narrativas, mas trouxe uma noção interessante. Naquele dia, tia Tatá também com o apoio da história, contou que a raiz etimológica da palavra texto vem de “tecido” (a-há! Texto, têxtil...), pois o texto, assim como o tecido, se faz do entrelaçamento dos fios (ou das palavras) de forma que eles no final sejam uma só peça homogênea. Também daí devem vir expressões ligadas a narrativas do tipo "história bem amarradinha" ou "que não tem ponto sem nó".

Eu não sei costurar. Por isso, apesar de gostar muito dessa analogia texto-tecido, eu prefiro dizer que "escrever é brincar com as palavras". Porque de agulha e linha eu não saco nada, agora falou em brincadeira, é comigo mesmo.

Também no Ensino Médio, a principal atividade das aulas de Ed. Física com o Ch Lobo eram Grandes Jogos. Grandes Jogos nada mais eram do que aquelas brincadeiras de rua tipo pique-cola, queimado, pique-bandeira, e tal. Só que o mais legal dos Grandes Jogos era que o Ch falava que o jogo não tinha regras. A gente ia inventando ao longo da partida. Quer dizer, até tinham algumas regras, mas não era algo do tipo você tem que seguir à risca, senão morre. E a gente realmente ia acrescentando aquelas que a gente achava importantes. A gente brincava de uns jogos muito loucos: queimado com duas bolas, queimado com cemitério dos lados, um jogo que a gente acertava uma bola com um cabo de vassoura e depois saía correndo... A diversão era certa.

Escrever é mais ou menos a mesma coisa que brincar de Grandes Jogos. Você tem que seguir algumas regras de pontuação, de ortografia, de gramática, mas se errar, também o mundo não acaba. O mais importante é o entendimento da idéia que você quer passar. Agora, o que você quer passar?

Eu não sou escritora, não faço Letras e não gosto desses caras que prometem fórmulas mágicas para fazer um texto, mas vou dar umas dicas bobas, mas que eu acho que são tiro e queda. Existem (não fui eu que inventei) 3 regras básicas que você deve seguir quando quer escrever alguma coisa. Qualquer coisa.

1) Escreva o que você gosta de ler.

Se você escreve algo que nem você gosta, quem mais vai gostar? É também uma regra muito parecida com aquela máxima “Seja você mesmo” ou “Trate os outros da forma que você gostaria de ser tratado”. Um conselho para a vida - Ser sincero sempre ajuda.

2) Escreva sobre o que você conhece.

E se você quiser escrever sobre algo que não conhece, pesquise. Pesquise muito. Assim você vai ficar por dentro do assunto que você quer abordar e tornar a coisa muito mais verdadeira e menos propensa a erros. Mesmo que você queira fazer algo totalmente fora do comum, é bom pesquisar. Porque para quebrar as regras é preciso conhecê-las.

3) Planeje o seu texto.

Não precisa planejar cada vírgula, mas uma breve linha de pensamento é importante para que você não se perca durante o processo e amadureça suas idéias antes de sair escrevendo um monte de bobagens sem nenhum sentido. A qualidade do seu texto será proporcional ao tempo que você gasta nele.

Entretanto, ainda assim, esses três passos não adiantam muita coisa. Para aperfeiçoar a técnica, só praticando muito. De nada adianta só decorar as regras dos Grandes Jogos, se a gente não tentar jogar também. E antes de jogar, é bom dar uma olhada nas pessoas jogando. E aí vem a coisa mais importante em escrever.

Não tem nada a ver com pegar o papel e a caneta ou abrir o editor de textos e sair digitando. O mais importante de tudo é ler. Ler muito. O conselho aqui também vale na hora de aprender uma língua estrangeira.

E não precisa ler necessariamente livros. Leia tudo o que aparecer na sua frente. Jornal, revistas, gibis, notícias na Internet, blogs interessantes (esse aqui por exemplo rs)... E também não precisa ir direto para as notícias de política. Leia coisas legais, tipo fofocas do seu ídolo favorito. Porque o principal objetivo dos Grandes Jogos não é formar atletas e competir nas Olimpíadas, é se divertir. Então, leia algo que te faça feliz.

Sem perceber, depois de um tempo você já estará sabendo um monte de palavras novas, como as frases são pontuadas, onde ficam os acentos, a estrutura do texto... Fora o conteúdo da leitura escolhida. E também vai descobrir o que você gosta de ler, para, aí sim, partir para os 3 passos bobocas e ao mesmo tempo fundamentais ali de cima. Outro dia eu começo a contar o que acontece quando você os ignora.

Ah, mais uma dica legal. Uma vez eu peguei Artemis Fowl pra ler. O livro não fazia o meu gênero, e nem o terminei, mas a frase dos agradecimentos marcou a minha vida. "Para fulana de tal, PORQUE A CANETA É MAIS PODEROSA QUE O EDITOR DE TEXTOS". Esse cara é sábio. Realmente, escrever no papel é outra coisa. Parece que seu contato com a palavra é muito mais palpável, sei lá. Então, se o Word não estiver colaborando, apele para o método tradicional. Mas não precisa ser tão tradicional ao ponto de usar pena ou caneta tinteiro. Caneta esferográfica serve.

No mais, é pegar as palavras como se fossem bolas e brincar com elas com o prazer de uma criança que joga queimado com os vizinhos (eu estou supondo aqui que os vizinhos são legais). Mãos à obra e divirta-se.

Música da Semana: Amanhã é dia dos namorados e se você não tem namorado, está de saco cheio de todo mundo ficar no seu pé porque está sozinho na data, mas acredita no amor e na pessoa certa, ouça It’s About Time.

Continue lendo...