terça-feira, 27 de outubro de 2009

Grandpa viu a grapeuva

Fim de ano chegando e com ele as milhares de propagandas de colégios que tentam a qualquer custo convencer os senhores pais de que lá é o lugar que vai educar seu filho e colocá-lo no caminho do sucesso.

As propagandas agora começam cada vez mais cedo e além das tradicionais imagens de alunos felizes e atentos às aulas (ONDE É JÁ SE VIU UMA TURMA INTEIRA ASSISTIR AULA COMPENETRADA? A verdadeira turma é aquela com cara de entediada, passando bilhetinho, ou dormindo!) e dos usuais enaltecimentos para a infra-estrutura do colégio, o qual anuncia oferecer piscina, aula de informática, quadra poliesportiva, TV a cabo e equipamentos áudio-visuais de última geração, eu já vi escola anunciando até alfabetização semi-bilingue.

Os pais, ingênuos e pensando no melhor para o seu filho, adoram essas histórias, mas depois que as crianças entram na escola mesmo é que vêem quão furado era o papo da propaganda, uma vez que dificilmente as crianças terão acesso a tudo o que foi anunciado antes.

Isso daí até certo ponto é normal. As escolas têm o direito de vender o seu peixe do jeito que quiserem, cabe a nós julgar se aquilo faz sentido ou não. Mas tem umas coisas que não dá pra aguentar, tipo essa história da alfabetização semi-bilingue. Sem brincadeira, os caras estão passando dos limites. Educação Semi-bilingue é a coisa mais idiota que eu ouvi.

Diz aí: O que ser uma educação SEMI-bilingue? A criança vai aprender a ler normalmente em uma língua só, né? Afinal o prefixo semi- nos remete a idéia de metade e o prefixo bi- nos dá sentido de dobro, e se a metade de dois é um, logo o semi-bilingue não faria sentido algum. Ou será que a escola queria dizer mesmo é que a criança não vai ser alfabetizada direito em nenhuma das duas línguas, ficando com a educação dos dois idiomas pela metade?

Percebe-se que o diretor do colégio faltou não só a aula de português, como a de matemática também. E aí a gente chega a outra conclusão triste: Os diretores são seres ainda mais ingênuos que os pais, porque eles acreditam MESMO que todo esse papo de propaganda é verdade, afinal, eles é que apresentam o colégio para os pais atraídos pelo outdoor chamativo.

Se a escola for daquelas mais conservadoras, o diretor vai dizer que a escola é muito rigorosa e lá o aluno aprenderá a ter responsabilidades, etc. Uma bobagem, claro. A escola vai ter muitas regras idiotas, mas mal sabem eles que as escolas mais rigorosas são aquelas que têm os piores alunos. Já ouviu aquele papo de que o que é proibido é mais gostoso? Pois é, os alunos das escolas conservadoras são os que mais aprontam.

Agora se a escola for mais modernosa, o diretor vai tentar convencer de que o ambiente ali é de liberdade (mas com limites) e que vai incentivar a criatividade e o desenvolvimento da aprendizagem da criança de maneira lúdica e construtivista (como eu odeio essa palavra!), com o objetivo de torná-la um cidadão muito melhor. Essa história de ludicismo pode até funcionar por um tempo, mas essa filosofia não sobrevive ao fim do primário, que é quando, por mais boa vontade que tenha a escola, ela não pode evitar parecer com as conservadoras ali de cima.

Ainda há os colégios que prometem aos pais que se seu filhote estudar por lá, a aprovação no vestibular será garantida porque, segundo eles, são a instituição que mais que mais aprova no vestibular ou o primeiro lugar em tal, ou tais, universidades públicas, instigando até uma certa rivalidade entre as escolas próximas da região.

Bom, se todas elas alegam ser aquela que ocupa mais e melhores posições nas classificações do vestibular, você já deve ter percebido que alguma delas deve estar mentindo. Algumas conquistam sim esse mérito, mas não por ter o melhor sistema de ensino que moldou o aluno desde cedo com todo aquele papo de diretor de escola. Não vou negar que elas têm excelentes professores, mas também, catando os quase aprovados em medicina no ano anterior e oferecendo bolsas a eles para estudarem lá depois fica fácil colocar a foto do cabeçudo no outdoor do ano seguinte.

A essa altura, você já deve ter percebido que toda a metodologia e ideologia e infra-estrutura da escola pouco tem a ver com o processo de aprendizagem.(Eu, particularmente, não acredito nessas metodologias todas.) O que faz a diferença mesmo é o material humano da sala de aula: professores e alunos. Se o mestre souber e quiser ensinar, ele vai lá, dá a sua aula (que pode até ser inventiva, mas por mérito próprio, não por causa da filosofia da instituição) e o estudante se quiser, também vai aprender. Os melhores colégios não são aqueles que têm piscina, TV a cabo e ar condicionado. São os que têm os melhores professores e os melhores alunos.

Prova disso é o anual resultado do ENEM. As escolas públicas com melhores notas ficam na frente de muito colégio particular que tem isso tudo aí. Por quê? Porque, apesar de não ter essas coisas e até enfrentarem goteiras, paredes caindo, etc, eles têm os melhores professores e os melhores alunos (ambos concursados).

E isso não tem nada a ver com a filosofia da escola, porque eu já estudei em colégio tradicional e decorei tabuada e fiquei muito bem, e fui para uma outra escola que tinha muito discurso, mas no fim não era lá muito diferente da outra e também aprendi bastante, e depois fui estudar numa dessas escolas públicas precárias de infra-estrutura e que não dava nem bola pra vestibular e a gente quase não tinha regras, mas que influenciou muito mais o meu caráter do que as outras que faziam propaganda e ainda me proporcionou uma ótima educação que me deu condições de passar no vestibular sem precisar de cursinho.

Mas os senhores diretores não sabem disso e nem podem apresentar isso aos pais, porque diretores geralmente não sacam muita coisa. Eles nem pensam quais significados podem ser atribuídos à expressão “alfabetização semi-bilingue”. Eles acreditam naquilo tudo que eles dizem sobre os equipamentos e regras e filosofias da escola e não lembram mais como é ser aluno e muitas vezes também não sabem como é ser professor. E mesmo que soubessem, eles não podem garantir que ali eles têm o melhor material humano dentro da sala de aula na hora de fazer a propaganda (pior mesmo é quando o diretor se gaba dizendo que a escola dele tem os melhores professores, ou ainda, os melhores alunos. Oh, ilusão!), então têm que apelar para essas técnicas de convencimento baratas já bastante conhecidas a fim de justificar as caríssimas mensalidades.

E é claro que TV, computador, quadro dinâmico e esse montão de coisas é muito bom, mas de nada vão adiantar se não forem usados ou se não tiver um bom mestre para orientar e uma turma dedicada para aproveitá-los. Afinal de contas, até pouco tempo atrás não tinha nada disso e os alunos aprendiam tanto quanto hoje (ou até mais). E em uma língua inteira de cada vez...

A verdadeira sala de aula
2 x 0,5 = 1
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domingo, 18 de outubro de 2009

Crianças em extinção

Segundo a reportagem da SuperInteressante, a infância está acabando. E a principal responsável pelo seu fim, ironicamente, também é aquela apontada como sua criadora: a mídia.

Se no passado, o surgimento da mídia impressa fez com que o número de escolas expandisse, colocando as crianças lá dentro e fazendo com que os baixinhos ganhassem tratamento diferenciado dos demais seres humanos (na Idade Média criança não passava de mini-adulto. Tinha mais é que trabalhar se quisesse sobreviver), nas últimas décadas, a TV e a Internet tornaram todo o conteúdo do mundo acessível a qualquer pessoa, de qualquer tamanho.

Isso tudo somado ao amadurecimento precoce por conta da responsabilidade atribuída às crianças em colégios que prometem preparar para o vestibular e para o mercado de trabalho desde o pré-maternal (o que eu acho absolutamente desnecessário e mentiroso da parte dos colégios porque, além da maioria das carreiras não precisar de uma nota tão alta, muitas vezes o método não tem nada de inovador e pelo contrário, só atrapalha no desenvolvimento da criança) e ao conceito de supervalorização da adolescência, estaria descaracterizando a inocência da infância e gerando ao invés de crianças, apenas mini-adultos, muito parecidos com os da Idade Média, só que sem a parte do trabalho infantil.

Nem tudo é culpa da TV

Concordo com boa parte da matéria, mas também acho que dá pra ser uma criança inocente e contente e esperta sim, mesmo com toda a tecnologia. Desde de que utilizada e aproveitada com cautela. E, claro, ainda tem muito mais coisa aí envolvida nesse processo de extinção da infância que, se a gente for estudar a fundo, dá até tema de monografia.

Semestre passado, na faculdade, teve uma discussão que fez um paralelo entre o comportamento de liberdade coorporativa e a liberdade dada dentro de casa. Os pais não sabem como tratar os filhos em casa porque não tem contato com a hierarquia bem definida no trabalho. O resultado: o sucesso de programas tipo Supernanny, que chega e diz aos pais: “Você é que tem o controle! Quem manda aqui é você!”. Moral da história: as crianças são normais. Os pais é que precisam de tratamento por não saberem que são os “chefes” da casa e por quererem exibir os filhos por causa dos trocentos mil cursos que ele faz ou estudar no colégio mais difícil da cidade.

A tecnologia não me incomoda. O que me irrita é que tanto os seus usuários e aqueles que a produzem não a aproveitam como deveriam e acabam criando uma geração cheia de baixinho que se acha gente grande só porque sabe programar o vídeo, ops, o DVD, de casa.

Crescer pra quê?

Uma vez eu fiz um teste daqueles bem bobos na Internet para saber “Que personagem da Disney é você?”. Deu que eu era o Peter Pan. Geralmente, esses testes dão uns resultados muito sem noção, mas esse daí acertou em cheio, uma vez que vira e mexe eu me pego assistindo a Castelo Rá-Tim-Bum e me divertindo tanto quanto na época em que eu era menor. Ainda sou meio criança por dentro e se der, ainda quer continuar um pouco assim.

Aliás, eu nunca fui uma criança que fazia questão de crescer. Fisicamente talvez, mas nunca quis fazer coisas a frente do meu tempo. Sempre fui feliz com a idade que eu tive. Quando ligava a Tv, fazia questão de sintonizar nos programas infantis. Quando alugava filme, não achava muita graça se não fosse desenho. Livro, só se tivesse figura. E quando a Internet chegou aqui em casa, o site do Iguinho era o mais acessado.

Por isso me irrita e me chateia um pouco essa história de fim da infância. Eu digo isso porque sou da geração de 90 e vi TV, joguei videogame, e usei computador e cresci muito feliz. A tecnologia não pode ser culpada por tudo. Lembro que quando pedia presente de natal, queria ganhar Cd-Rom ou fita pro MasterSystem e admito que a minha agenda na semana era mais movimentada do que deveria. Mas também joguei muita bola, andei de bicicleta e tomei banho de balde nesse meu quintal. Acho que dá pra aproveitar de tudo um pouco, desde que se tenha limites.

Afinal de contas, o mundo pode ter mudado muito, mas a criança ainda não sabe metade do que aconteceu antes de ela começar a se entender por gente, então, é melhor que ela seja tratada como criança sim, porque é isso que ela é!

Aliás, uma coisa que não me desce é essa história de criança de 8 anos dizendo que é pré-adolescente. Sério, existe coisa mais idiota do que a PRÉ-ADOLESCÊNCIA? Porque, o que ser um pré-adolescente? Nada. Uma criança metida a grande. A criança não sabe nem ler direito e quer exigir tratamento diferenciado? Ah, me poupe! Até o nome da fase é difícil de falar! Pré-Adolescência... É muito grande! Infância é tão mais prático...

O engraçado é que quando eu tinha 8 anos eu tinha HORROR a essa fase e a posterior a ela também. Eu queria mais era curtir os meus anos de criança e ser bem feliz brincando no parquinho e aproveitar e fazer as coisas que só as crianças podiam fazer. Tipo: brincar no pula-pula. Depois dos 10 anos, não podia mais brincar no pula-pula! Um absurdo! Por que quem tinha 10 podia e quem tinha 11 não? Por isso, também não me interessava pelos outros brinquedos em que só podia entrar quem só tinha mais de 1,40m (mentira. É porque eu era, quer dizer, SOU medrosa mesmo).

Mas então, eu tinha noção de que eu tinha que aproveitar a minha infância. Que tudo ia ter seu tempo. Não fazia (e não faço) questão de ficar apressando as coisas. Fora que sempre que aparecia um adolescente ou um pré-adolescente na Tv, era só pra ficar falando aquelas coisas chatas de brigar com o pai e que eram rebeldes e blábláblá. Sempre achei isso uma babaquice. Mesmo aos 8 anos.

Quando eu cheguei a tal da pré-adolescência, foi uma dor de cabeça aqui em casa. Não porque eu queria fazer coisa de gente mais velha, mas porque quando chega essa fase, os pais acham que tudo é culpa da idade. “Ah, ele está falando isso porque está entrando na adolescência”, ou então “É fase. O filho da Fulana de Tal também está assim”. Nossa, como eu me estressava. Porque aos 12 anos você é totalmente privado de qualquer opinião. O que você fala, não é porque você pensa de uma certa maneira. É porque você está passando por uma fase de rebeldia. Affe! Isso me irritava profundamente. Aos 8 anos a gente tinha mais liberdade do que aos 12. Ainda bem que essa época passou. Depois dos 15, acho que todo mundo se acostuma com essa fase toda de mudança. Inclusive nós mesmos.

Ô saudade!

Mas, do que eu estava falando mesmo? Ah, sim. Dos pirralhos metidos a gente grande. Bom, eu disse ali em cima que não se podia culpar o avanço tecnológico por tudo, mas também disse que era uma questão de saber aproveitar os novos recursos que se tem.

E vai parecer saudosismo da minha parte, mas já reparou como não tem nenhum programa infantil de efetiva expressividade bacana na TV aberta? Dá dó de ligar a TV de manhã e perceber que quem tem 8 anos hoje não tem acesso a um programa que seja mais do que desenhos apresentados por qualquer um (qualquer um mesmo. Na TV Globinho, a rotatividade é tão alta que não dá nem pra decidir se a gente gosta ou não dos apresentadores) e que só sabem fazer propaganda dos novos lançamentos de brinquedos.

E eu não estou nem dizendo que tem que ser uma coisa altamente educativa e que só crianças possam assistir. Mas custa fazer um projeto bacana com desenhos e alguma coisa a mais, tipo a TV Cruj, a Tv Colosso ou algo mais simples, tipo qualquer programa com uma gincana básica?

Segue a lista nostálgica de programas, novelas e musicais infantis da minha época (ô papo de gente velha!) e se prepare porque tem muita coisa de segunda divisão aí no meio também (quem lembrar dos mais absurdos ganha uma bala Juquinha):

Apresentadoras loirinhas e não-loirinhas também
Xuxa - a única que ainda faz coisas para os baixinhos
Angélica - Na época em que era gordinha! Ela passou por Manchete, SBT e Globo, onde comandou o Angel Mix, estrelou a novelinha Caça Talentos (Lembra da dança da fadinha? “Bate, bate, eu vim te convidar.. Bate, bate, me chama pra dançar”), Bambuluá e Flora Encantada.
Eliana – No SBT tinha o Melocoton, a Bizuca, a Rocicléia... Na Record tinha o Nhoc, o Vovô e o bebê Alegria, que depois sumiram. Ah, e a dupla Chiquinho e Pitoco! Sempre hilários! A brincadeira da música dava sempre muita confusão e o Chiquinho sempre zoava ela naquela do desenho da lousa. Nas duas emissoras, tinha a experiência do dia (“... e tesoura sem ponta!”). Muito bom. Era a minha apresentadora loirinha preferida rsrs
Mariane – Passava na CNT (Acho que minha geração tirou a sorte grande mesmo. Acho que fomos os últimos a desfrutar de alguma programação infantil na CNT)
Debby – Eu odiava a Debby! Mas às vezes assistia o programa não sei porque. Devia estar esperando a hora do Cruj, visto que às 18h, só que tinha (e ainda tem) na Tv é violência e baixaria. Alguém me ajuda: a Debby era da época da Manchete ou da Rede TV, já? Momento fofoca: Debby atualmente tem 18 anos e cursa faculdade de Veterinária.
Andréa Sorvetão - Passava Zuzubalândia e Turma do Arrepio. Lembro que todo mundo na escola tinha uma mochila de carrinho da Turma do Arrepio.
Mara Maravilha - No SBT, o Lombardi agradecendo a audiência no fim do programa e na Record ela imitava o agora falecido Enéias!

Cao Hamburger, o gênio
Existem pessoas que nasceram para fazer coisas para crianças. Nos EUA, eles têm Chris Columbus, o nome por trás de Esqueceram de mim, Um herói de brinquedo e Harry Potter 1 e 2. Aqui no Brasil, Cao Hamburger é O CARA! O moço é tão predestinado que carrega uma guloseima no sobrenome. Ele é o responsável por:

Castelo Rá-tim-bum – Ainda bem que passa até hoje. O universo do Castelo é tão bacana que eu ia ficar até amanhã escrevendo sobre. Devo muito do que sou e sei hoje graças ao Castelo. Uma história curiosa: eu tenho uma amiga que ia lavar a mão na hora da música porque achava que a mão dela ia aparecer na TV. Hahaha!
Rá-tim-Bum – Outro clássico da TVE. Muitos quadros legais! Senta que lá vem história, o enigma da Esfinge (ela era meio medonha), Prof. Tibúrcio (Marcelo Tas sempre envolvido com essas coisas de educação. É outro nome sempre presente nos créditos de todas as produções da Cultura), entre muitos outros.
TV CRUJ – Simplesmente O MELHOR! Se liga companheiro revolucionário Ultra-jovem, está entrando no ar o meu, o seu, o nosso: COMITÊ REVOLUCIONÁRIO ULTRA JOVEM – TV CRUUUUJ ... Muita saudade do CRUJ. Uma prova de que dá pra fazer um programa com desenhos(Dá o play, Macaco!) e ainda com um conteúdo bacanérrimo. Juca (Caju), Guelé (Chiqué), Macarrão (Macaco ou simplesmente Maca. Foi embora logo no início), Malu (Maluca – Eu não sou maluca, o meu codinome é que é Maluca),e alguns outros companheiros que entraram depois, comandavam o programa que ia ao ar através de um sinal pirata e defendiam os direitos dos Ultra-Jovens porque Nós somos Ultra-Jovens e merecemos respeito!. Com o nome de Disney Club, passava todo dia de noite no SBT. Depois passou a ser exibido aos sábados com o nome de Disney Cruj (a Maya era muito CHAAATAA!). Estou até hoje sem entender o que aconteceu no final do programa que ficou prometendo um super-final e depois não foi ao ar. Poxa, nem pra eles darem um Cruj, Cruj, Cruj, tchau! definitivo pra gente...

Não é fraco esse Cao Hamburger, não, viu? Atualmente, Seu Hamburger também assina o ótimo seriado do Menino Maluquinho. Adooro!

Outros
Agente G – Passava de noite na Record. Tinha aquele cara gordão Gérson de Abreu (daí o nome do programa) e um monte bonecos. A gente aqui em casa chegou a pintar um troço de forma cilíndrica que tinha no quintal com a cara do Refri, o refrigerante falante que tinha na geladeira do programa.
Passa ou Repassa – Dispensa explicações. Eu peguei a época em que a Angélica apresentava, antes do Celso. A brincadeira do Torta na Cara é simplesmente histórica. Quem não brincou disso em alguma gincana na escola que atire a primeira torta.
Tv Colosso – Uma TV comandada por cachorros. Com programas como Jornal Colossal com apresentação de William Bones. Demais, né? Chegava da escola na hora em que o chefe francês anunciava: Está na horra, pessoall. Horra de matarr a fome! Anos mais tarde, serviu de inspiração para um trabalho do Vidas Secas. Ia ser tão bom se voltasse!
Mundo de Beakman – Mais um achado. Passava na Record à tarde. Muito demais. Beakman era um cientista maluco que explicava os fenômenos da natureza de uma maneira ainda mais louca. Uma das assistentes de palco se chamava Lisa (era a que eu mais gostava, por que será?), fora o Lester. Se todo professor de física/química passasse isso na sala de aula, os alunos iriam aprender muito mais.
Sítio do Pica Pau Amarelo– No início eu achava mais legal quando a Cuca usava tomara-que-caia. Depois enjoou um pouco, já que mudaram todos os atores.

Ainda tinha as novelas - Chiquititas, Carrossel (eu tenho o CD!), Carinha de Anjo, Gotinha de amor, Diário de Daniela...-, as atrações musicais especialmente para os pequerruchos - Sandy e Junior, Trem da Alegria, Apresentadoras-Cantoras Loirinhas-ou não e só não vou falar do Chaves porque quando eu nasci, ele já era velho, mas ainda bem que passa até hoje também. Para mais lembranças, favor visitar esse site e esse outro aqui.

Depende de nós

Curtiu a listinha? Quem lembra do programa da Debby, da Mariane e do Agente G, me cobra a bala Juquinha depois. Agora, diz aí se qualquer coisa dessa lista não era melhor do que a gente tem hoje na Tv Aberta (que já não é muita coisa)!

Senhores programadores de Tv, deixem de serem preguiçosos! Nós sabemos que vocês têm capacidade para fazer melhor do que isso que está aí. E sabemos porque crescemos assistindo o que vocês botaram no ar durantes anos. Algumas coisas geniais, outras nem tanto, mas todas elas definitivamente mais criativas do que o que passa hoje em dia. Na TV a cabo ainda tem uns programinhas, agora na TV aberta, a referência que se tem de criança hoje em dia é Maísa! Dá muita pena dos pequenos de hoje. Sério.

E nem me venham com esse papo de que as crianças estão mais espertas e tecnológicas e não iam gostar desses programas porque eu acho que é só uma questão de saber vender bem o seu peixe e se esforçar um pouquinho pra fazer alguma coisa de qualidade. Eu duvido que se reprisassem o Cruj, não ia dar audiência. (Coisa impossível de acontecer agora, visto que a Globo é que tem o contrato com a Disney.)

Se as crianças estão ficando “adultas demais”, talvez seja porque ninguém mostrou pra elas que ser criança também é muito legal. E sem precisar ficar batendo na tecla de que ela é pequena e é boba, etc. Que ela pode ser uma criança esperta e mexer com as modernidades, mas que também pode soltar pipa e andar de bicicleta. Mas que não pode desrespeitar o pai e nem fazer tudo o que quer, apesar disso tudo.

É só uma questão de apresentar a ela uma parte diferente do mundo, porque tem coisas que ela ainda não deve ver e outras que ela depois não poderá mais aproveitar. Se todo mundo fizer a sua parte, acho que a gente consegue salvar a infância da extinção.


Ai, ai! Bate até uma emoção em rever...
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sábado, 3 de outubro de 2009

Hipocrisia FM

Nesse ano, a carreira de Wanessa Camargo deu uma virada. Depois de deixá-la sob o comando do empresário e marido Marcus Buaiz, Wanessa deixou para trás o penteado Branca de Neve que vinha usando e o sobrenome da família, que, além de exaltar a relação que tem com o gênero sertanejo, rendia abreviações maldosas como Waca e WC.

Antes

Agora a neta de Francisco é só Wanessa, adota um visual meio rebelde com os cabelos loiros e ondulados e faz dueto com o rapper Ja Rule.

Segundo Buaiz, a carreira da esposa era mal-gerenciada, e a mudança se deu porque, depois de algumas reuniões, ele e a mulher chegaram à conclusão de que, apesar de quase 10 anos na estrada, Wanessa não conseguia tocar em rádios pop e por isso não fazia o sucesso esperado. O marido ainda acrescentou que não gostava da música que Wanessa fazia antes e que o trabalho era mal-feito (engraçado que quando eles se casaram ele era só elogios à cantora e dizia que adorava seus shows :-S).

Deixando de lado essa última parte, não vou entrar no mérito se a música de Wanessa é boa ou ruim, ou se ela casou mesmo com o cara certo. Concentremo-nos na estratégia de marketing brilhante traçada pelo genro de Zezé (é verdade que eles não estão se falando mais? Okay, Okay, Veeejam!).

- Novo nome artístico. Confere.
Normal querer se afastar da imagem do pai que usa calças apertadinhas. Apesar de achar que todo mundo ainda vai continuar chamando-a de Wanessa Camargo.
- Visual ousado. Confere
Também super-normal. Junto com o disco novo, o artista geralmente renova o guarda-roupa e repagina o look para ajudar na construção do conceito do álbum. Não é nenhum pecado.
- Música em inglês e Dueto com rapper
Opa! Opa! Opa! Desde quando Wanessa faz a linha Fergalicious? E por que ela tem que cantar em outro idioma?

Depois

A resposta é simples e está ali no 3º parágrafo. Porque ela quer fazer sucesso.

Eu poderia dar uma de chata e crucificar a menina porque ela vendeu a alma e o que importa é você fazer o tipo de música sincera com você mesmo, porque eu realmente penso isso, mas a questão que eu quero abordar aqui é outra.

Wanessinha quer fazer sucesso. Normal. Todo mundo quer. Agora, para fazer sucesso e tocar nas rádios pop do Brasil, ela se viu praticamente obrigada a apelar para a fórmula música-em-inglês + dueto-com-rapper porque É SÓ ISSO QUE TOCA NAS RÁDIOS DA MODA DO BRASIL!!!!! *
* Por rádios da moda, leia-se: Transamérica, Mix, Jovem Pan e afins. 98, Nativa e FM O Dia não é rádio pop. É rádio pobre. Nessas daí toca de tudo: funk, pagode, calypso, forró... Não é à toa que Wanessa quer deixar de ter sua imagem veiculada a esse tipo de rádio. Para efeitos de leitura, chamarei as rádios POP de Hipocrisia FM, e já, já, você vai entender porque.

Se você for um artista pop brasileiro que canta em português e não tiver jabá, não adianta o seu pai ligar para a rádio 100 vezes por dia para pedir a sua música. NÃO VAI TOCAR!

O próprio dono da Jovem Pan já admitiu em entrevista que aceita jabá para tocar a música de muita gente e que na rádio dele tem certas coisas que nem com jabá tocam.

Mas eu tenho lá minhas dúvidas se ele barra as músicas com base na sua opinião musical descolada ou puramente pelo idioma no qual a canção é executada.

Só na tecla SAP

Wanessa ex-Camargo é só o exemplo mais recente. Em seu idioma materno, só era ouvida nas rádios ‘pobre’. Bastou fazer parceria com Ja Rule, pronto! 1º lugar na Hipocrisia FM e 1 milhão de acessos no YouTube! E olha que esse Ja Rule nem é tão referência assim! Emplacou uma ou duas músicas naquela trilha sonora da Malhação que tinha o Cabeção na capa e só, praticamente.

E se a desculpa aqui poderia ser a de que a Wanessa agora está mais moderninha, é só olhar os próximos exemplos para ver que o problema é o idioma.

Na última década, Shakira tem lançado duas versões de seus discos. Um espanhol para a América Latina e um com praticamente as mesmas músicas, só que em inglês para o mercado americano. Adivinha só qual das versões é a que toca no Brasil? Sim, aqui só tocam as músicas em inglês.

Sandy e Junior e RBD, que são, quer dizer, que eram artistas de dar vergonha alheia aos ouvintes descolados da Hipocrisia FM, também alcançaram o topo das paradas com Love Never Fails - a música mais tocada de 2002, e 1º lugar no Clipemania naquele ano (ô, saudades do Clipemania!) e Tu Amor - que também é em ingrish, apesar do título hispânico. Ambas as canções eram destinadas a carreira internacional dos então ídolos adolescentes.

E você olha só como as coisas são engraçadas: se fosse por afinidade na hora da pronúncia, a versão que deveria tocar era a em espanhol. Mas não! Esse pessoal está tão ‘the book is on the table’ que prefere enrolar a língua e não entender bulhufas do que está cantando.

Ou será que é exatamente por isso que tem tanta música ruim tocando no idioma do Tio Sam em detrimento das línguas latinas? Porque as pessoas não entendem o que estão cantando, caso contrário perceberiam a bobajada que são a maioria das letras derivadas do idioma anglo-saxônico? É uma teoria...

Agora se liga só: Quando eu dei o exemplo da Shakira e dos outros ali em cima, a maioria deles só gravaram em outro idioma para divulgar seu trabalho em território internacional porque se eles cantassem em sua língua nativa por lá, os estadunidenses não iam dar nem bola. É, eles fazem questão de saber o que estão cantando, ao contrário de nós!

E eu até hoje não entendo como a Marina Elali tocava nessas rádios com aquele remix horrendo de One Last Cry. Ô musiquinha vagabunda! Duvido que se ela se chamasse Um último choro ia fazer aquele sucesso todo. (Aliás, a Marina Elali é um caso a ser estudado. Por que é que essa criatura insiste em gravar forró em inglês?).

No mínimo incoerente esses programadores de rádio.

A rádio e o gado musical

O pior é saber que essa incoerência não é só dos donos das rádios. É das pessoas que ouvem também. Porque bastou tocar na Hipocrisia FM para virar sucesso. Não importa se a música é ruim, se o artista é brega ou se a letra é idiota. Tocou lá, toda aquela galera que ouve vai achar que é maneeeeiiiro (by Newt). Também pudera. Com a aquela canção tocando 100 mil vezes ao dia, tem uma hora que mesmo que você ache ruim, vai começar a gostar.

Por isso eu não suporto essas rádios jovens. Eu não gosto de rap e 80% do que toca lá É rap. E toca a mesma música 100x por dia. Com trocentos comerciais. Definitivamente, eu não tenho paciência.

E a rádio aliena tão bem seu gado musical que não é difícil você encontrar seus ouvintes por aí dissertando sobre como RBD em inglês é legal, mas em espanhol é uma droga. Mesmo que seja o mesmo estilo, ou as mesmas músicas. Ou pior, alguns desses seres chegam mais longe ao dizerem que “só gostam de música em inglês”!

O que é isso minha gente? Tudo bem curtir a cultura de outros países, agora se limitar a dos outros, ou melhor, a de um único, não é globalização não. É subserviência! O tempo da colonização e da ditadura já acabou!

E eu digo isso como fã de Jamie Cullum, mas que também gosta do Jota Quest e torce muito pro Juanes, simplesmente o maior vencedor de Grammy’s Latino de todos os tempos, vir ao Brasil. (Sim, todos eles começam com J. E o legal é que o J tem uma pronúncia diferente para cada idioma). Deu pra entender aonde eu quero chegar?

Liberte-se

O que eu estou querendo dizer é o seguinte:

1. As rádios são hipócritas
Se a Marina Elali cantar “Xote das Meninas” em inglês e o Calypso lançar um single de Accelerated (e eles fizeram isso mesmo!), as rádios pop vão tocar, só porque está na língua do Obama. (Ok, eu exagerei um pouco aqui, mas o pensamento é por esse caminho).

2. As rádios fazem lavagem cerebral nos ouvintes
Como todo meio de comunicação de massa, elas têm um papel muito grande na hora de ditar qual é a banda da moda e qual não é. Além de influenciar o jeito das pessoas pensarem. Só que, muitas vezes, elas acabam contribuindo para aumentar esse complexo de vira-lata do brasileiro de achar que tudo o que é de fora, inclusive as palavras, são melhores.

Eu, particularmente, acho as línguas latinas muito mais bonitas. As rimas em inglês são sempre as mesmas.
Vamos fazer uma brincadeira com as rimas mais comuns. Encontre a palavra estranha:
- you, do, too, blue, flu, new, true…
- by, bye, my, fly, eye, cry, shy, fry…
- me, be, bee, see, free, sea…
- start, heart, fart.


Aí essa política importadora de palavras obriga artistas como a Wanessa (agora sem Camargo) a gravar com o mala do Ja Rule se quiserem um pouco de atenção da mídia.

Só que a era da ditadura já acabou! A globalização está aí e os iranianos usam o YouTube e o Twitter para fazer notícia, mesmo com a opressão do governo.

Escolha suas próprias músicas. A Internet esta aí pra isso!

Aliás, essa é uma das principais utilidades do MPx (está em que número agora?): libertar as pessoas das prisões auditivas da Hipocrisia FM.


Vem aí o novo método de tortura chinesa:

Suuuuucesso!

Chega! Viva la revolución!

Edit: Imagina só se a moda pega e todos os artistas do Brasil resolvem fazer seus discos em inglês agora?
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