sábado, 21 de novembro de 2009

Esquadrão da Modinha

No programa Esquadrão da Moda, a top model Isabella Fiorentino e o stylist Arlindo Grund têm a dura missão de ensinar às "vítimas" como se vestir bem e com estilo. O principal atrativo do programa é quando a dupla de apresentadores analisa esculacha o guarda-roupa da vítima e joga tudo no lixo na cara da escolhida, que se sujeita a isso tudo em troca de um banho de loja de 10.000 reais.*
*Bom, com 10.000 reais no bolso é muito mais fácil se vestir bem, agora sem dinheiro, as coitadas das pessoas não têm muita opção senão comprar aqueles atentados que enchem as vitrines de lojas populares ou mesmo do tipo Abuse & Use, que inclusive anunciam no programa. A culpa não é delas! É das lojas que colocam essas coisas pra vender!

Ultimamente, tem muita gente fazendo igual a Isabella e o Arlindo com relação a tudo quanto é mania cultural, só que com a diferença de que não possuem nenhuma formação e nem dão prêmios de 10.000 reais paras as pessoas as quais elas sentem prazer em espinafrar.

Se tem uma coisa que me irrita é a tal da palavra “modinha”. E eu não me refiro aos fenômenos culturais febris que volta e meia se instalam e azucrinam a nossa paciência até que todo mundo tome profundo ódio deles e, por essa razão, provavelmente caiam no ostracismo depois do seu auge. Estou falando é de toda a discussão gerada por aqueles que as amam e que odeiam e que a todo momento tentam classificar o que é e o que não é modinha, como se isso tivesse alguma relevância.

No passado, “modinha” tinha significado de gênero musical romântico, geralmente tocada em serenatas e admirada pelas meninas apaixonadas. Mas essa modinha relaciona-se com a moda de viola, não tem nada a ver com a “modinha” dos anos 2000 – que se associa à moda no sentido de tendência – e dificilmente voltará a ser moda novamente.

O conflito todo se dá por causa do sufixo “inha” no final da palavra, o qual lhe confere um sentido pejorativo. Se antigamente toda menina queria uma modinha na sua janela, hoje ninguém quer seguir a “modinha” do momento, do mesmo jeito que não gosta de ouvir ladainha da fulaninha fominha. E é aí que moram os debates infundados e inúteis para tentar fugir do rótulo que, apesar de trazer “moda” no seu radical - o que seria uma coisa boa. Quem não quer estar na moda? – também carrega consigo o tal sufixo diminutivo maldito com todo o seu ar de desdém.

Geralmente quem puxa esse tipo de discussão são:
1)    pessoas com aversão a uma febre cultural específica e que utilizam desse argumento para debochar daqueles que gostam do fenômeno e
2)    pessoas que gostam de algo desconhecido da maioria, mas têm medo que ele se popularize e com isso surjam aqueles que entrarão na onda e só permanecerão nela enquanto o negócio estiver na sua crista (os chamados posers*) e assim atraiam a atenção dos pertencentes ao primeiro grupo e virem alvo de chacota.
*Do inglês pose+er. pose: pose mesmo; -er: sufixo que indica o agente da ação. Logo, poser = aquele que faz pose. Trocando em miúdos, aquele que quer aparecer. Eu, particularmente, acho essa palavra meio...poser também! rs

Apesar de aparentemente diferentes, os dois grupos, no fundo, são bem parecidos e não se distanciam muito nem do supracitado poser. Todos eles estão muito preocupados com o que os outros vão pensar deles e carecem de opinião própria. A única diferença é que aqueles que são chamados de posers fazem questão de estar sempre dentro daquilo é tendência e os outros fazem questão de serem diferentes de todo o resto do mundo. São os anti-tendência.

Por isso, muitos dos integrantes do grupo nº 2 até abandonam o seu objeto de sua devoção depois que este alcança o auge do sucesso. Eles querem continuar com a etiqueta de exclusividade e não sabem dividir e ser mais um na multidão. Acham que têm mais direitos sobre a praia do que o pessoal que chegou pra surfar há pouco tempo, como se o fato de pegar ou não pegar onda definisse quem você é por completo.

Eu, pessoalmente, não tenho nada contra essas manias no geral. Na verdade, acho-as bastante divertidas na maioria das vezes e mesmo as que não me agradam não me incomodam. Acho que são parte do jogo. Porque se você parar para pensar, a verdade não há o que não é fruto do marketing? Os críticos do marketing se esquecem de que nossa sociedade É capitalista sim, e que tudo o que existe É feito “pra vender”. Não adianta tentar fugir disso. Se a gente ficar nessa de rejeitar as coisas só porque “vendem bem”, não vai nem se alimentar, porque arroz e feijão também é feito “pra vender”!

É engraçado ver os argumentos dos anti-modismos porque são totalmente incoerentes. Não suportam a Hannah Montana, mas adoram As visões de Raven, por exemplo, como se os dois seriados tivessem lá muita diferença, só porque as crianças idolatram a loirinha de peruca. Acho os dois muito divertidos e morro de rir com eles, o que não quer dizer que eu goste das músicas e da voz da tal da Myley Cyrus, nem que eu não saiba o plano da Disney de lucrar milhões com produtos licenciados. Se tiver um mínimo de qualidade e divertir, qual o problema?

E nem tudo aquilo que faz sucesso é necessariamente ruim. Isso é papo de gente metida à intelectual. Às vezes eu me pergunto o que seria de Michael Jackson ou dos Beatles hoje em dia. Ambos são unanimidade de público e de crítica e no caso dos Beatles, arrastavam multidões de meninas histéricas pelo mundo, mas... e se eles tivessem começado a carreira nos anos 2000? Será que não seriam confundidos com as tais “modinhas” que esse povo tanto fala?

Em questão de música eu sou muito chata e já comentei aqui que não suporto rádio da moda e dificilmente as pessoas conhecem o que toca no meu MP4 (as que elas conhecem, vão achar brega, porque foram “modinha” um dia). Mas só porque eu realmente não suporto a maioria das músicas que tocam na rádio (rap em sua maioria) e porque eu realmente gosto das coisas que têm no meu player. Não fico chateada quando alguma música que tem lá começa a tocar na novela (muitas vezes eu mesma fico conhecendo muita coisa bacana por causa de novela), depois vai pra rádio e o artista começa a fazer um sucesso estrondoso. Na verdade, fico até bem feliz. Gostar do que ninguém gosta é muito chato. Não tem ninguém pra gente comentar, pra compartilhar as alegrias, pra colocar coisas sobre na internet, quando você comenta do assunto, todo mundo sempre fica com aquela cara de interrogação e tem de explicar o que/quem é... Dá o maior trabalho!

O pessoal do grupo nº 2 devia deixar de se ligar para o que os outros acham e pensar positivo. Com o hype, se for livro a editora vai começar a dar mais atenção e disponibilizá-los mais rápido, mais barato, em mais lugares e mais bem acabadinhos; se for de música, quem sabe a banda não vem ao Brasil?; se for de cinema, geralmente tem umas promoções especiais com uns brindes bacanas...

O marketing está aí para isso mesmo. Para satisfazer nossas necessidades e desejos (aulinha de marketing nº 1). E eu sinceramente gosto quando ele atende aos meus. Eu sou consumidora, e eles têm mais é que, na medida do possível, tentar me agradar mesmo. E se de vez em quando o marketing exagera e se aproveita dessa demanda de forma inescrupulosa, faz parte (já diria o grande filósofo Kleber Bambam). É só não comprar a idéia. Como o arroz de segunda qualidade que a gente encontra no supermercado. É só deixar ele lá na prateleira.

As “modinhas” são como as tendências de indumentária mesmo. Não dá pra fugir delas. Estão em todo lugar de um jeito ou de outro e a gente tem que se vestir. Mesmo que pensemos que estamos indo conta o sistema, estaremos refletindo o pensamento de algo que já foi auge algum dia de algum outro jeito.

A gente tem é que filtrar aquilo que a gente gosta e usar sem se importar muito com o que os outros vão pensar. O importante é consumir racionalmente de acordo com nossa individualidade. Se a gente ficar nessa de ser escravo das tendências ou anti-tendências, vai acabar maluco (e pobre) porque do jeito que elas vem e vão (com tudo), está cada vez mais difícil se atualizar.

O melhor mesmo a se fazer é despir-se de todo o preconceito e vestir a camisa estampada com orgulho “Sim, eu gosto, e daí?”. Mesmo que todo mundo ache brega ou que ninguém saiba do que se trata – isso é que é a verdadeira demonstração de personalidade - porque, no fundo, o Esquadrão da Modinha não têm nada com isso, e se a gente for olhar o guarda-roupa desse pessoal, vai achar um monte de blusas com ombreiras das quais hoje eles também têm a maior vergonha de um dia ter usado.

Ficadica: www.modinha.com. Apesar do nome, o site é legal e sua idéia é linkar umas notícias babacas e bacanas na Internet, e no fundo, tira o maior sarro de toda essa palhaçada do que é modinha ou não.
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domingo, 15 de novembro de 2009

Mais lit. pop, clássica, novelas, Rei Leão, etc

Todo mundo vive dizendo que o brasileiro não gosta de ler e que o jovem prefere o videogame a palavra escrita, no entanto, ficam querendo empurrar goela abaixo livros com realidades diferentes das nossas e ainda querem que visualizemos todo o pensamento subliminar por trás de cada frase, quando a leitura, no fundo, deve ser simplesmente o prazer de apreciar as palavras. Fica difícil saborear a sopa de letrinhas quando a gente não se identifica com os personagens e isso é feito de forma obrigatória e cheio de regras por trás.

Como bem colocado aqui nesse outro blog*, primeiro a gente come e sente o gosto da comida. Depois faz a digestão. O mesmo deveria acontecer com a leitura. Primeiro a gente deveria ler e gostar. Depois, numa segunda ou terceira leituras, tentar interpretar mais a fundo. Quanto mais lermos, mais conhecimento de mundo teremos e de menos leituras adicionais precisaremos para fazer uma boa análise. É até crueldade querer que o jovem engula todo aquele conteúdo clássico e ainda cuspa de volta um pensamento, ou melhor, O pensamento que os professores querem que seja enxergado ali.
*Não sou a única que compara leitura com comida

O que acontece na escola todo mundo sabe: não só os alunos não lêem os livros propostos, como desenvolvem uma certa aversão ao livro. Os resumos na Internet salvam a vida dos estudantes, mas também, junto com todo esse sistema de ensino, mitificam muito o conteúdo dos clássicos. Ler e entender as obras se torna algo inalcançável. Eles digerem tanto a leitura que tiram o sabor das palavras que eu falei lá no início.

Muitas vezes eles apresentam visões até exageradas para partes aparentemente sem importância. Tudo bem que numa leitura mais aprofundada é esperado que se analise a obra com um pouco mais de atenção (e eu gosto mesmo de fazer esse tipo de coisa), mas às vezes os pontos destacados por essas interpretações de estudiosos dão a impressão de que o autor fez tudo de caso pensado e com uma segunda intenção por trás de cada palavra, quando na verdade às vezes o fato só ganhou espaço porque era algo comum na época e não necessariamente caracteriza uma crítica ou algo do tipo.

Por exemplo, numa das análises de Inocência, era destacada “a questão da escravidão”. Quem lê o resumo acha que existe uma grande crítica ao sistema escravocrata, mas só o que há é uma personagem que era escrava e está lá fazendo figuração.

Quer dizer, esses caras ficam procurando pêlo em ovo. E o pior é que esses autores dos séculos passados nem estão aqui para se defender. Porque hoje em dia se a gente tem uma desconfiança de alguma coisa subliminar, é muito fácil de a dúvida ser sanada. Entra no site do autor, manda um e-mail e ele responde. Agora se os coitados dos autores defuntos não tiverem dado alguma entrevista, escrito um diário ou coisa assim, dá-lhe acadêmico achando crítica sobre o sistema servil em A Comédia dos Erros, denúncia de maus-tratos aos animais em Atirei o pau no gato e influência da geração condoreira em funk do Cria Asa Periquita.

Aí eles ficam se prendendo a esses detalhes ínfimos e o estudante esquece o que realmente importa nisso tudo: a história. Que muitas das vezes são muito simples e talvez nem representem isso tudo, mas que também são muito legais. São só o retrato de uma época. Sem Photoshop. Como qualquer novela. E por algum acaso você assiste à novela das oito pensando em todas nuances da personalidade humana, ou você quer assistir mesmo é a vilã se dar mal e os mocinhos ficarem juntos no final?

Para quem está a ponto de me chamar de herege, saiba que muitos dos chamados clássicos da nossa literatura foram publicados primeiro em forma de folhetim nos jornais. Há quem diga que são os precursores do gênero noveleiro. O mesmo vale para quem reclama da atual chick-lit. Existem correntes que defendem Jane Austen como a madrinha do estilo.

Ou seja, talvez, nem naquela época o objetivo das obras fosse que as pessoas analisassem cada expressão da novelinha do jornal. Talvez fossem só um bom passatempo. Então por que essa obrigatoriedade toda em ficar “distrepando” cada linha se o que importava mesmo era a história de amor dos mocinhos? Alguns clássicos talvez fossem tão pop quanto romance de banca.

Só pra reforçar aqui, eu gosto de interpretar os textos. Gosto mesmo. Fico até me sentindo orgulhosa quando consigo enxergar uma coisa que talvez não estivesse ali muito às claras. Mas gosto de fazer isso por minha conta e de ter a minha própria opinião. Não gosto de ter que fazer isso obrigada, tendo que enxergar coisas que eu, pessoalmente, não vejo. Acho que isso tira toda a graça e afasta as pessoas dos livros.(e de tudo, aliás). Sou a favor da liberdade não só da escolha dos textos como da liberdade de interpretação também. A leitura é algo de prazeres singulares. Cada um sente um gosto diferente. E às vezes uma mesma pessoa pode sentir um outro gosto para um mesmo texto dependendo da fase da vida que esteja passando. Nosso paladar, além de diferente do das outras pessoas, também muda conforme o passar do tempo. Essa obrigatoriedade em analisar aquilo EXATAMENTE do jeito que os acadêmicos fazem mitifica muito as obras.

Por exemplo, quando se fala de Hamlet o que vem a cabeça é: “Ser ou não ser, eis a questão” e todo mundo acha que não vai entender nada. Só que todo mundo já viu um pouco da história de Hamlet e nem sabe. A não ser que você não tenha tido infância e nunca tenha assistido O Rei Leão. É, O Rei Leão. Aquele da Disney. Pra você ficar ainda mais chocado, saiba também que O Diário de Bridget Jones é Orgulho e Preconceito do século XXI (Mr. Darcy!) e As patricinhas de Beverly Hills é releitura de Emma. E o que tem de novela aí inspirada em clássicos da literatura não está no gibi.

O que eu estou tentando dizer é que: existem histórias hoje que são tão boas e simples quanto as de antigamente. Não há razão para todo esse mito, nem para pressão para que sejam lidas, nem para o desprezo das obras que fazem sucesso hoje. As pessoas deveriam ler se sentissem atraídas pela sinopse e gostassem do estilo do autor. Como qualquer outro livro.

É claro que a linguagem nem sempre é das mais atraentes e é preciso um pouco mais de paciência para encarar os clássicos (paciência essa que eu admito não ter sempre), mas muitas vezes os enredos são divertidíssimos. E também é claro que nem todos são tão legais assim. Como tudo na vida, existem as espécies boas e as ruins. E como tudo na vida, isso vai variar da opinião de cada um. Porque livros são como comida. Tem gente que não gosta de chocolate e gente que come jiló e lambe os beiços. Vai entender!

Só que quando a gente encontra alguém que não suporta chocolate, não vai adiantar dizer que é bom, abrir a boca dela e enfiar o negócio goela abaixo, porque aí mesmo é que ela vai tomar a maior bronca do doce.

Hakuna Matata, eis a questão...

Obs. Só pra deixar claro aqui, sou apenas uma mera gourmet amadora e grande parte do texto foi baseado nas aulinhas de literatura da escola, misturadas a minha opinião, algumas leituras e muita pesquisa em artigos acadêmicos e de jornal. Então, se algum profissional encontrar alguma bobagem literária nesse texto, sinta-se à vontade para me corrigir. Ficarei até feliz porque então, estarei enriquecendo minha bagagem cultural.

Obs2: Extras! Links legais.
- E se Lizzie Benneth e Mr. Darcy mandassem SMS's? O resultado ficou bacanérrimo. Não esqueça de olhar a 'legenda' para as siglas embaixo da figura.
- E nem O Rei Leão se salva das análises-viagens. Ainda bem que ele fala que as crianças não precisam analisar o filme igual a ele.

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domingo, 8 de novembro de 2009

Literatura pop

Nesse último mês de Setembro, como já muito comentado aqui nesse blog, Meg Cabot fez sua visita ao Brasil. Puxa-saquismo à parte, a mulher é um fenômeno. Cabot fez praticamente uma turnê pelo país e visitou 4 capitais brasileiras. (Sim, ela já está conhecendo mais lugares do Brasil do que eu que nasci aqui). E todos os eventos simplesmente BOMBARAM! Foram 1300 autógrafos em 2 dias de Bienal do Livro no Rio, com direito a muita fila e gente inclusive de outros estados chegando super cedo pra garantir logo uma senha. Os 300 ingressos para o evento de Curitiba se esgotaram em, tipo, uma semana. Isso porque eles estavam distribuindo com um mês de antecedência. E nem estou contando os eventos de São Paulo e Salvador (sim, tia Meg também passou pelo Nordeste).

Pra você ter uma noção, o Maroon 5 esteve aqui no Brasil ano passado e só fez 3 shows em 3 capitais (Rio - eu fui!, São Paulo e BH.). E nenhum dos shows teve lotação máxima. Quer dizer, a moça está melhor que muito popstar por aí (guardando as devidas proporções, claro. Em questão de número, é óbvio que o M5 ganha).

E eu acho isso o máximo! A Meg mobilizar tanta gente assim para vê-la, quero dizer. Não por eu gostar dela (tá legal, tem um pouco-muito a ver com isso sim), mas por ela ser uma personalidade de um universo geralmente tão desprezado pelos jovens, como a literatura, estar fazendo com que eles gostem tanto de ler quanto de assistir a um show da sua banda favorita.

Eu só citei a Meg de início porque é o exemplo com o qual eu mais de identifico, mas ela não é a única que consegue essas proezas. JK Rowling encheu um estádio de futebol só para ser ouvida lendo umas passagens de Harry Potter *. O novo livro do Dan Brown vendeu não sei quantos milhões antes mesmo do lançamento. E nas terras tupiniquins, Thalita Rebouças também faz turnê pelo país, junta adolescentes na porta das livrarias para vê-la e estrela comercial de TV.
* JK fez muito mais que isso, eu sei. Mas eu só estou ilustrando aqui.

Está nascendo aí uma geração de fanáticos pela leitura, da mesma forma que existem fãs de Star Wars, Madonna e futebol. E junto com ela, a figura do escritor popstar.

E isso tudo é muito, muito, muito legal. Primeiro porque a leitura deixa de estar ligada a uma imagem negativa e chata. E depois porque a literatura se torna um elemento altamente pop, com tudo o que tem direito: trailer de livro, estratégia de divulgação, sessão de autógrafos disputada, convenção de fãs, sites na Internet, frenesi às vésperas do lançamento da obra, etc. E isso é muito maneiro, vai!

Uma vez eu fui a um evento do lançamento do HP7, mesmo sem ter lido HP, e adorei aquilo. Aquele povo todo fantasiado andando pelo shopping, as discussões sobre o que eles achavam que ia acontecer no final, maratona dos filmes, sorteio de brindes... Teve até uma entrevista com o dublador do Ronny! Me diverti naquele dia. E eu já falei à beça do quanto eu ADOREI a Bienal desse ano, né!

Os mais ortodoxos vão alegar que os escritores popstars estão prostituindo o gênero com suas obras descartáveis e desvirtuando a atenção do que realmente importa (os livros) para eles mesmos. Os céticos mais otimistas também vão criticá-los, mas argumentarão que, pelo menos, eles podem ser a porta de entrada dos jovens para clássicos como Machado de Assis.

O que esse pessoal se esquece é que livros foram feitos para serem lidos. PONTO FINAL! Não necessariamente eles precisam ter uma grande lição que vai mudar a sua vida, nem criticar alguma coisa da sociedade. Eles só têm que ser agradáveis e fazer com que nós tenhamos vontade de lê-los até o fim.

Se eles tiverem algo a mais, ótimo. Mas acho que o mais importante é que tenha uma história bacana e bem estruturada. Caso contrário, todo “rebuscamento”(existe essa palavra mesmo?) será em vão.

Veja bem, não estou negando o valor dos “livros cabeça”. Só estou dizendo que nem todo livro precisa marcar o pensamento de uma era. Da mesma forma que nem toda música precisa ser clássica, nem todo livro precisa ser um clássico.

E o leitor tem todo o direito de ter a opinião que quiser e ler o que lhe der na telha, sem ser criticado se aquela leitura é de “qualidade” ou não. Não é porque foi José de Alencar que escreveu que ele tem que gostar. E não é porque é um romance de banca que ele tem que desprezar.

E mais: quem é que disse que os livros pop de hoje não serão os livros clássicos de amanhã? O ser humano tem essa mania auto-depreciativa de se achar inferior sempre. Tantas obras por aí que só foram ter seu valor reconhecido depois de séculos... Às vezes a gente está com um futuro clássico dentro da bolsa e nem sabe. Aí daqui a um tempo, se realmente ele marcar época e começar a ser estudado, vamos nos sentir vanguardistas, olha só que legal. E senão, isso não faz a menor diferença! Como eu falei antes: “livros são feitos para serem lidos” e se eles forem lidos e a gente gostar deles, sua missão no mundo estará cumprida.

Por isso eu sou defensora da literatura pop. Aliás, eu sou uma defensora do pop em geral, mas essa é uma outra conversa. É claro que dentro do gênero haverá os exemplares bons e os ruins (como tudo na vida), mas quem decide isso, claro, é o leitor. Não um crítico metido à besta.

Livros também podem ser pop. Eu digo até mais: livros DEVEM ser pop. Porque pop deriva da palavra “popular” e os livros DEVEM ser populares – no sentido de “usual entre o povo”. Eles têm que fazer parte da vida das pessoas como música assobiada na ida pro trabalho, promover um certo frisson na sua época de lançamento como estréia de filme blockbuster e gerar discussões acaloradas como o lance de pênalti não marcado no jogo de domingo. Não importa se a discussão vai ser se Capitu traiu Bentinho ou se Harry deveria morrer ou não no final. O importante é que o gosto pela leitura esteja impregnado em nossas veias.

E se as pessoas gostarem tanto de uma obra que se disponham a fazer de tudo pelo autógrafo do seu autor favorito, deixem que elas sejam felizes! É um reflexo dos nossos tempos. Queremos estar perto dos nossos ídolos. E temos mais é que aproveitar enquanto eles e nós estamos vivos.

E se o ídolo for um escritor, que geralmente é uma figura que não está todo dia nas páginas de fofoca, isso tem é que ser comemorado porque quer dizer que ele está atraindo atenção por causa do seu trabalho. E é muito melhor admirar o real trabalho de alguém do que fazer fila pra ver mais um rostinho bonito recém-saído de um reality show que não deixou nada de bom para o mundo.

Duvido que se Jane Austen fosse viva e fizesse turnê, a Rory não ia lá ver.


PS. Quando eu falei da música assobiada na hora do trabalho, eu estava só fazendo uma comparação, mas você pode interpretar no sentido literal também.

Senhoras e senhores, eu lhes apresento Harry and the Potters cantando o seu hit
Save Ginny Weasley From Dean Thomas.


Sim, é uma banda especializada em Harry Potter e eles já têm mais 3 CDs lançados. A energia da banda e dos fãs dá de 10 em muito artista que toca nas rádios. Save Ginny Weasley (é outra música essa) é praticamente um hino na hora do show. O povo fica num transe tal que parece até que está em concerto do U2. Olha só aqui. Masss, o mais legal é que eles não são os únicos que fazem essas coisas. Tem tanta banda do bruxinho, que o estilo ganhou o rótulo de Wizard Rock. É uma pra cada personagem. Draco and The Malfoys, Remus and the Lupins, The Moaning Myrtles - as Murtas que Gemem (não deixe de conferir o hit crossover Cedric; Absolutamente hilário! O melhor são os gritinhos e a interpretação da menina em versos tipo: "You can bite me if you want") e muito mais.
Demais, né não? Morro de rir com essas coisas. É simplesmente o ápice do pop literário isso! Ninguém pode acusar essas bandas de não terem conteúdo, vai!


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