quinta-feira, 5 de maio de 2011

Cabeça de Vento, Frankenstein e O Clone

Em Cabeça de Vento, Em Watts faz parte da classe mais desprezada do universo estudantil – os nerds. Não que ela possua algum problema com isso. Em, por sua vez, também despreza as populares e acha que todos elas não passam de idiotas mortas-vivas sem cérebro adoradoras do corpo. Ela nutre uma paixão secreta pelo melhor amigo Christopher e outra nada secreta por videogames, especialmente pelo jogo Journey Quest. O fato de Christopher também ser viciado em videogame certamente evitaria confrontos do tipo “Ou eu ou o PlayStation?” enfrentados por uma professora minha (a título de curiosidade, ela escolheu o PlayStation), mas, embora Em até desejasse uma briga dessas, essa situação seria bem remota, uma vez que ele nem parece perceber que ela é uma garota.

Porém, tudo está prestes a mudar na vida de Em quando ela vai acompanhar a irmã mais nova no lançamento de CD do mais novo ídolo teen Gabriel Luna* e se envolve num acidente com manifestantes, a modelo sensação do momento e das lojas Stark (tipo uma Fnac-Paraíso-dos-Nerds, que vende de tudo) Nikki Howard, e uma TV de plasma que vai parar em cima da cabeça de nossa protagonista.
*Eu sei que o estilo não tem nada a ver (o cantor do livro faz a linha brit pop, mais ou menos como o Tiago Iorc – que eu adoro, e é bem bonitinho *-*, aliás), mas não pude deixar de imaginá-lo como um Justin Bieber menos afetado (Falando nele, fiquei imaginando se o outro personagem, o Justin Bay, foi inspirado no Bieber. Acho que não. A BieberFever só veio depois de 2008). A parte engraçada é que eu fui digitar de brincadeira o nome no Google agora e achei uns homônimos que tem muito cara de capa de TodaTeen mesmo. Olha só isso. E esse outro aqui até “canta” também! . Hahahaha!

Após dias desacordada, Em descobre que sofreu um transplante de cérebro (TRANSPLANTE DE CÉ-RE-BRO!) e agora terá de viver no corpo de ninguém menos do que aquela que considera a maior das mortas-vivas descerebradas: Nikki Howard.

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Em Frankenstein, o cientista Victor Frankenstein reúne pedaços das mais desprezadas classes da sociedade (mendigos e criminosos) para criar um novo ser humano em seu laboratório. E no meio de muitas discussões que vão desde a relação de criatura e criador até o limite de controle do homem sobre a natureza, percebe-se que, por mais horripilante que fosse, a aberração era capaz de demonstrar sentimentos de bondade.


Já em Cabeça de Vento, Meg Cabot também se aproveita de alguns elementos da ficção científica (TRANSPLANTE DE CÉ-RE-BRO!) para dizer que a beleza interior é o que importa. Mas, desta vez, o foco está em mostrar que, por mais que não pareçam, os bonitos e monstros da moda que levam cachorrinhos em bolsas, tão desprezados por Em, também têm bom coração. (Coração, aliás, utilizado aqui no sentido figurado da coisa, já que o órgão chefe do corpo é o cérebro.)

Mais irônico ainda é pensar que, antes da cirurgia, Em era vista como ‘freak’ por seus colegas populares, mas depois do transplante é que ela passa a assumir a forma ‘frank’.

"Fica de graça que eu te atiro às modelos"

E, embora essa história de transplante de cérebro (TRANSPLANTE DE CÉ-RE-BRO!) pareça a maior maluquice - até o marido da Meg achou que dessa vez ela tinha passado dos limites - , se você parar para pensar, não é muito não. Basta pegar o próprio exemplo do Frankenstein de 1818 para ver que ela nem viajou tanto assim.

Quando se trata de ciência, o que hoje a gente acha completamente louco e impossível, é aquilo que nossos descendentes vão rir da nossa cara e falar: “Não acredito que eles achavam que a Terra é que ficava no centro de tudo! Que idiotas!”.

Num passado não muito distante, pensava-se que o centro das emoções do ser humano estava no coração. Mais tarde descobriu-se que o órgão que as controlava era o cérebro. Imagine só o que não devem ter chiado no primeiro transplante de coração. Aliás, imagine só o que não devem ter chiado no primeiro transplante!

Não que eu seja a favor do transplante de cérebros. Porque aí a gente entra num debate ético-filosófico de onde está a alma, o que é o corpo, o que define a identidade do ser, etc, etc. Só estou levantando a questão de como os conceitos mudam de tempos em tempos também...

Mas não se engane. O debate ético-filosófico e a abordagem científica em Cabeça de Vento estão num nível Novelas da Glória Perez como De Corpo e Alma (o cara se apaixona pela mulher que recebeu o coração da outra que ele gostava e morreu!) e O Clone* (ah, todo mundo lembra e está assistindo no Vale a Pena Ver De Novo!). Ou seja, são quase nada. Assim como a novelista brasileira, Meg apenas tangencia a parte séria da coisa** e foca na comédia e no romance, que são aquilo que ela sabe fazer de melhor.
*A questão da clonagem, inclusive, traz de volta elementos discutidos em Frankenstein como a identidade do clone, criador e criatura, etc. A diferença é que os aparatos tecnológicos do Dr. Albieri eram mais avançados do que o laboratório do Dr. Victor. Repare até que o final do Léo e seu criador é o mesmo do Dr. Victor e seu monstro.
**Também pode parecer loucura a parte da reação aos beijos, mas se você lembrar que quem controla os reflexos não é o cérebro e sim a medula espinhal, até que faz sentido, né?


Sobre as nossas cabeças o sol
Sobre as nossas cabeças a luuuuz
Sobre as nossas mãos a criação
Sobretudo o que mais for o coraçããão

Temos um triângulo amoroso* interessante formado por Christopher (que conhece o interior de Em, mas não dá a mínima para Nikki Howard) e Gabriel Luna (que se interessa por Nikki Howard, mas nunca daria a mínima para Em Watts); o alívio cômico da hilária Lulu, que acha que a amiga na verdade está sofrendo uma transferência espiritual à la Sexta-Feira Muito Louca; a relação engraçadíssima das irmãs, que estão sempre brigando; e de quebra uma organização que parece controlar a vida de todo mundo e deve ter algum plano maligno ainda a ser descoberto.
*A propósito, estou torcendo pelo Christopher, porque, já disse, SEMPRE torço pelos melhores amigos.

A essa altura do campeonato, você já deve ter sacado que a história de Cabeça de Vento em si é assim meio ‘Frank’, com pedaços de várias outras*. Entretanto, essa salada maluca, assim como O Clone (O Clone na verdade estava mais para pastel, né?), funciona incrivelmente bem.
*Forçando bastante a vista eu consegui enxergar Coleção Vaga-Lume, Sessão da Tarde, Gossip Girl, Glória Perez, Frankenstein, Metamorfoses – novela da Record que tinha transplante de rostos e nem teve final -, fora as obras da própria Meg como Diário da Princesa, Garota Americana e Ídolo Teen. Mas, claro, isso aí sou eu viajando na maionese.

Edit: PARA TUDOOO! Estava relendo DP2 essa semana e, meu Deus, como a Meg é descarada! Abre só na página 167 pra você ver. Tem a confissão de que Cabeça de Vento é totalmente inspirado nesse filme aqui. Tsc, Tsc, Tsc, Dona Meg!
Edit2: Ah, lembrei que tinha uma pergunta no fórum sobre esse assunto. Meu lado Sherlock entrou em ação e tudo bem, a Meg não é tão descarada assim, rs!

O livro está longe de ser um dos melhores trabalhos de Cabot e tem a maior cara de filme do Disney Channel, mas fiquei com vontade de ler o resto da série (que Meg sabiamente só fez durar 3 livros). Quero saber com quem a Em vai ficar, quero saber qual é a da Stark (aposto que eles estão fabricando robôs-armas por aí, rsrs), quero ver mais cenas da Lulu e achei a mensagem de que “a beleza interior é o que importa” bacana, sem ser chata e didática.

E se na ficção já fizeram um novo corpo ‘picotado’ tornar à vida em pleno século XIX e já tem clone de seres complexos como ovelhas e cachorros na vida real, não duvido nada que exista alguma organização supersecreta fazendo transplantes de cérebro em humanos por aí. Em macacos já existem experiências desse tipo, de verdade, desde a época que o Dr. Albieri fez o clone dele. E se o Dr. Albieri conseguiu...

PS. Tem um filme da Selena Gomez, em que ela aparece lendo o Airhead!!! Chama Ramona e Beezus e o filme é uma gracinha.

9 comentários:

  1. Eu demorei um tempo para entender que o nome da protagonista desse livro é "Em" rs

    Mas o que aconteceu com a Nikki verdadeira? Foi parar no corpo da Em?

    Essa deve ser uma das primeiras histórias que vejo de transplante de cérebro, senão a primeira e única.
    Esse negócio de populares X nerds é o maior clichê mas seguiu por um caminho diferente, mostrando que o povo famoso tem coração.
    Você não comentou nenhuma cena mas imagino que tenha momentos hilários, principalmente na fase de conhecimento da vida da Nikki.

    Os links que você põe pelo texto são muito loucos! Achei muito bacana o do Dr Albieri :P

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  2. Não, Felipe. É o contrário. O cérebro da Em é que fica no corpo da Nikki. O corpo da Em, segundo esse livro, foi destruído com a TV. Mas, sei lá, pode ser q a gente descubra q ele está em perfeitas condições nos próximos livros.

    Histórias como essa não são assim tão incomuns. Pode até não ser transplante de cérebro, mas é só trocar transplante de cérebro por colocar as memórias num avatar, ou um transplante facial, ou ainda as próprias transferências espirituais, que no fundo acabam caindo nos mesmos conflitos. E a própria Meg falou num dos links do Edit que já existem alguns livros, até infantis que tratam de transplante de cérebro.

    Que bom q vc gostou dos links. Esse do Dr. Albieri eu achei totalmente por acaso. :P

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  3. Transplante de cérebro para sempre me lembrará de Friends (não sei se você assistia, mas tem um episódio em que o personagem do Joey na novela faz um, é demais! haha)
    E vamos lá. Lisa, as associações que você faz são ÓTIMAS. O Clone! E com razão, já que o debate ético-filosófico realmente passa batido (mas, convenhamos: se o foco fosse esse, não seria Meg Cabot).
    Achei o livro super engraçadinho (mas, é. Disney Channel) e com personagens bem legais: adorei a Em e a Lulu, especialmente... E essa situação toda de 'tem três homens atrás de mim, mas eu quero um que não me quer' da Em. Eu ADORO o Christopher, mas foi a partir de Being Nikki que eu realmente me apaixonei por ele: nerd, inteligente e... Bem, você vai ver.
    Já vou dizer que a série não me decepcionou, apesar de o terceiro livro ter sido um pouco repetitivo. Mas a Meg viajou bastante, inventou coisas inesperadas e conspirações e isso foi super legal. O segundo livro é meu favorito.

    E, é claro, "o interior é o que importa" é ~sempre~ uma mensagem legal, porque mesmo sendo clihcê parece que as pessoas, cada diz mais, esquecem disso.

    Adorei a resenha, é claro. Beijo!

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  4. Era pra eu ter dito cada diA mais, mais estou com preguiça de excluir o comentário e postar de novo. Desclpa, vou fazer um flood básico.

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  5. Fico até com pena do Gabriel Luna. Você o compara com o Justin Bieber, e pra mim ele é a cara do Luan Santana, haha.

    Cabeça de Vento foi meu primeiro (e único, até agora) Meg Cabot não DP.
    Não achei a ideia do transplante de cérebro uma loucura. Meu lado nerd ficou doidinho com a possibilidade. Por outro lado, fiquei pensando no lado humano da coisa. Quase chorei quando a Em pensa que nunca mais vai poder ver a avó, por exemplo.

    Não torço pra nenhum dos mocinhos, não me conquistaram. Minha personagem favorita é a Lulu.

    Tive que ir correndo pegar meu DP2 pra conferir esse negócio do filme. Tem até um Emerson lá também. A Meg é ótima, haha.

    Adorei a resenha! Lembro que, quando eu li, foi difícil escrever porque todos os blogs do mundo falavam a mesma coisa. Ótima a comparação com Frankenstein e O clone.

    Bjs

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  6. Fê,
    VERDADEEEEE! O Dr. Drake faz um transplante de cérebro mesmo!!!! O cérebro dele vai parar no corpo da Susan Sarandon, a Jéssica, né? Tb acho que nunca é demais reforçar que 'o interior é o que importa', e por isso, por mais que a mensagem seja batida, eu não ligo de ver trocentas vezes. É por uma boa causa. Por isso acho HSM tão legal (pensei q iam me xingar por eu ter comparado o livro com Disney Channel, aliás. Mas apesar dos pezares, eu gosto dos filmes do Disney Channel) Não liga pro flood, não, "mais" cê escreveu "desclpa" :P

    Cíntia,
    O post já estava programado há um tempão. No dia em que ele saiu, eu li essa parte do DP2 e TIVE que atualizá-lo correndo, rs!

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  7. Putz! rs "TRANSPLANTE DE CÉ-RE-BRO!" É um negócio muito, muito, muito bizarro. Tipo, eu sei que o cérebro é quem manda, mas imagina ter as suas sensações em outro corpo? Sentir outra pele diferente da que você estava acostumado quando você se tocar? Outro cabelo? Ver o mundo de uma altura diferente? Vestir um número diferente? Fazer maquiagem diferente? Mais gordo? Mais magro? UNHAS DIFERENTES! OMG! Adoro minhas unhas (momento perua total), não curtiria fazer outras que não as minhas.../hm

    Aiii, isso deve dar MUITO trabalho. Dá preguiça só de pensar... Mas, pelo que você falou, Lisa, e sendo Meg Cabot, imagino que isso deva ser passado pra gente de uma maneira, no mínimo, engraçada.

    Enfim, acho que vou atrás desse pra ler.

    Ahh e eu lembrei de você esses dias. Sabia que aquele cara do clipe ali do lado - Jamie Cullum - vem aqui pra SP um dia desses? Só não sei quando.

    É isso aí! \o/

    Saudade disso aqui.. hehehe

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  8. É, Karol, estou sabendo, sim. É dia 21/05 no Natura Festival. Nunca fui a SP, mas se o show fosse na capital, ainda me arriscava numa aventura de viajar praí. Mas nesse festival doido, correndo risco de assistir o show no meio da lama nem rola. Fica pra próxima... O mais chato é q da outra vez q ele veio ao Brasil passou por um monte de capitais, inclusive o Rio. Se ele ainda estivesse com a Isabella...

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  9. (oi, voltei nos comentários). CRISTO, eu não sei digitar. E, teoricamente, é pra corrigir porque tem um corretor ortográfico ligado.

    E eu escrevi MAIS. No lugar de mas. Mais no lugar de mas. Drogas.

    E aí, quantos erros de digitação será que tem esse comentário? hahaha

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