Eu sempre fui uma aluna Nota 10. Não necessariamente todas as notas eram 10 (realmente até a 8ª série, essa afirmação ficava bem próxima da literalidade), mas sempre fui uma boa aluna. Só fiquei de recuperação uma vez na vida, e fiz Prova Final uma única vez também, num dos últimos períodos da faculdade.
Dito tudo isso, você há de pensar que eu supervalorizo o sistema de avaliação por notas e que acho que os alunos que não pintam o boletim com notas azul berrante são de fato menos inteligentes do que os outros ou coisa do tipo. Mas na verdade exatamente por estar nessa posição, posso dizer sem medo de parecer invejosa que ter um boletim repleto de notas 10 não quer dizer absolutamente nada.
No meu último semestre de faculdade, mesmo com um CR invejável, não consegui vaga pro TCC com o professor mais disputado de todos (e por sorte não fiquei com o mais temível de todos). É difícil você encontrar algum estágio que leve as notas em consideração (os que levam não são economicamente interessantes ou não tem possibilidade de efetivação) e nenhum gestor vai pedir o seu histórico para decidir se vai contratar você ou não.
Isso não quer dizer que eu me arrependa de ser uma aluna exemplar e que aconselhe todo mundo a não estudar e ficar pendurado na prova final. Ter notas boas é uma coisa boa. A gente já não se preocupa com a escola em pleno mês de outubro, não precisa ir pro colégio dia de sábado, entra de férias mais cedo e não fica dependendo da boa vontade do professor para aprovar você ou não. Mas notas, no final das contas, são só isso: notas.
Elas não definem quem você é ou vai ser. E não definem nem se você sabe mais determinada matéria do que outra. Só se você vai passar de ano ou não.
(Ah, sim, isso não quer dizer que eu ache que as escolas devam passar todo mundo direto, ou que não devam aplicar nenhum tipo de prova. No sistema educacional, as notas são necessárias para que o aluno não entre numa eterna zona de conforto. Elas podem não significar quase nada, ou serem totalmente justas, mas ainda assim são necessárias, para que tudo não fique à mercê da subjetividade)
Sendo assim, agora já não causará tanta surpresa a revelação que farei a seguir de que, fora do ambiente acadêmico, além de inútil, o sistema de avaliação por notas é, principalmente, injusto.
Dito tudo isso, você há de pensar que eu supervalorizo o sistema de avaliação por notas e que acho que os alunos que não pintam o boletim com notas azul berrante são de fato menos inteligentes do que os outros ou coisa do tipo. Mas na verdade exatamente por estar nessa posição, posso dizer sem medo de parecer invejosa que ter um boletim repleto de notas 10 não quer dizer absolutamente nada.
No meu último semestre de faculdade, mesmo com um CR invejável, não consegui vaga pro TCC com o professor mais disputado de todos (e por sorte não fiquei com o mais temível de todos). É difícil você encontrar algum estágio que leve as notas em consideração (os que levam não são economicamente interessantes ou não tem possibilidade de efetivação) e nenhum gestor vai pedir o seu histórico para decidir se vai contratar você ou não.
Isso não quer dizer que eu me arrependa de ser uma aluna exemplar e que aconselhe todo mundo a não estudar e ficar pendurado na prova final. Ter notas boas é uma coisa boa. A gente já não se preocupa com a escola em pleno mês de outubro, não precisa ir pro colégio dia de sábado, entra de férias mais cedo e não fica dependendo da boa vontade do professor para aprovar você ou não. Mas notas, no final das contas, são só isso: notas.
Elas não definem quem você é ou vai ser. E não definem nem se você sabe mais determinada matéria do que outra. Só se você vai passar de ano ou não.
(Ah, sim, isso não quer dizer que eu ache que as escolas devam passar todo mundo direto, ou que não devam aplicar nenhum tipo de prova. No sistema educacional, as notas são necessárias para que o aluno não entre numa eterna zona de conforto. Elas podem não significar quase nada, ou serem totalmente justas, mas ainda assim são necessárias, para que tudo não fique à mercê da subjetividade)
Sendo assim, agora já não causará tanta surpresa a revelação que farei a seguir de que, fora do ambiente acadêmico, além de inútil, o sistema de avaliação por notas é, principalmente, injusto.
A discussão se tal obra merece uma, cinco ou mil estrelinhas é e sempre será baseada na subjetividade do autor, assim como seus argumentos, com a diferença de que a cotação escolhida supostamente apresenta um padrão equalizador de toda essa subjetividade.
Só que as notas quase nunca conseguirão transparecer tão perfeitamente a sensação final que se teve da mesma quanto um texto de duas páginas. E ao contrário da apresentação de argumentos, em que se pode discuti-los à exaustão sem cair numa briguinha boba de “Mas eu achei e pronto!”, o sistema de avaliação por notas não dá espaço para debate de ideias. Só para uma discussão comparativa que não leva a lugar nenhum.
E agora a gente chega numa das palavras-chave das notas: “Comparação”. Ao colocar sua opinião em nota, o que se faz é traduzi-la em escala. As notas, assim como as escalas, servem justamente para isso. Para estabelecer um padrão de comparação (tem algum índice estatístico com nome de letra grega que faz isso, eu acho). Através das notas você consegue comparar banana com laranjas, e no final chegar à conclusão de qual das frutas é mais gostosa.
E todo mundo sabe que esse tipo de decisão quase sempre é injusta. Por que, ora bolas, laranjas são diferentes de bananas! Aliás, quanto menor o intervalo, diminui também o detalhismo da avaliação e aumenta a possibilidade de distorção. Ou seja, uma escala de 0 a 10 certamente será mais precisa do que uma de 0 a 5. Assim como um sistema que permite acréscimo de casas decimais por décimos, será mais preciso do que um outro que só marca a medida a cada 0,5. E um que possui nota a cada 0,5 pt obviamente será mais preciso do que um só com números inteiros.
E desse jeito, num sistema de 0 a 5 (só com números inteiros), por exemplo, você, sem querer, você acaba entrando em um mundo onde A Origem* é tão bom quanto Rebeldes sem Páscoa. Um mundo em que Um Dia tem o mesmo nível de excelência que Amanhecer – parte 1. Um mundo em que você tem sempre de ficar lembrando a nota que deu antes para não cair em contradição. Um mundo escravo das regras e dos números e chato pra dedéu!
* Essa história de A Origem levar 3 ovos rende até hoje naqueles comentários! Porque, tá legal que A Origem não é um filme perfeito, mas, sem dúvidas, é um filmaço!
As notas tornam-se fator decisivo, o mais importante de uma avaliação. Elas se tornam o veredicto final, quando, na verdade, tal veredicto pode variar muito mais facilmente do que os argumentos e não tem graça nenhuma de discutir.
Elas ganham importância demais, quando, no final das contas, as notas são só...notas. E não querem dizer absolutamente nada.