sexta-feira, 1 de junho de 2012

Nossa história vai virar cinema

ATENÇÃO! SPOILER ALERT! KEEP DISTANCE!

Quando li FMF há 3 anos, ainda com a capa antiga, comentei aqui mesmo a grata surpresa que era que encontrar nas prateleiras um livro adolescente nacional delicioso sem os típicos cacoetes que alguns autores têm de exagerar nas gírias e subestimar o seu público. Cheguei a comentar o apelido que a Paula (pra mim vai ser sempre só Paula, não tem jeito, rs!) vinha ganhando nas redes sociais de “A Meg Cabot brasileira” e o prazer que tinha em ler aqueles nomes que fazem massagem nos ouvidos quando lidos (ou comentados) em voz alta.

Hoje em dia nada mais disso é novidade. De fato, qualquer comentário que se utilize desse argumento “nacional” ou para descrever a série já nem fazem mais sentido. (Até porque, tendo em vista a quantidade de embarques e desembarques para o exterior, FMF é mais internacional do que qualquer coisa, rs!) Antes de focar nos adolescentes, FMF acerta porque fala com e sobre pessoas com sonhos e paixões como qualquer um. E antes de ser uma boa série nacional, FMF é uma ótima série. Ponto.

Já estamos com as orelhas devidamente educadas a fim de não estranhar mais personagens sendo chamados como nossos próprios colegas de sala, porque, afinal de contas, eles acabaram se tornando nossos amigos também ao longo desses quatro livros. Na verdade, os nomes estrangeiros agora é que são estranhados e viraram motivo de piada dentro do próprio livro (como uma certa Meredith Grey...)! E ao voltar para este volume final, reencontramos nossos amigos tão queridos feitos apenas de palavras e sentimentos.

Mas eles não são mais aquelas crianças que se apressavam por causa do adiantamento do toque de recolher no primeiro dia de horário de verão, dirigiam sem carteira e bebiam sem autorização. Estão mudados, crescidos, responsáveis pelos próprios narizes e agora já podem ficar na rua até tarde, dirigir e beber (rs!). [Mas claro que se forem dirigir, não bebem, né? #OperaçãoLeiSecaEuApoio]

E quando eu acho que eu já estou calejada e que nada mais vai me surpreender no gênero juvenil, uma vez que estou começando a entrar numa fase de achar que já passei dessa fase (rs!), eis que me aparece esse FMF4, com um salto temporal de 5 anos no tempo que coloca a Fani mais velha que eu (e pensar que quando a série começou, eu que era a mais velha das duas...) e provoca um aperto no coração que eu já não esperava sentir a essa altura.

Repare como, mesmo depois de um tempo tão longe, quando juntos, a gente percebe que no fundo os personagens ainda são os mesmos adolescentes lá do início, como se tempo algum houvesse passado. Acho incrível a química existente da turma toda reunida! Adorei ver a interação de Fani e Gabi, e, mesmo que rápido, o encontro da mesma com o Leo! É chato quando a vida nos separa de quem a gente gosta, né?

E essa passagem de tempo é responsável por algumas das maiores surpresas no livro. Como o destino dado à Josefina, minha personagem preferida (queria pensar que ela caía na privada e, depois de altas aventuras, encontrava com as tartarugas do Procurando Nemo e viveria feliz surfando nas correntes submarinas. Mas Minas não tem mar, então ia ficar meio difícil da Jojo conseguir uma pontinha em Procurando Nemo 2), ou a gravidez da Gabi (Comoassim?), ou o término do casal 20: Priscila e Rodrigo (Comoassim 2????).

Engraçado perceber como, de um certo modo, o amadurecimento dos personagens parece refletir um pouco as mudanças que ocorreram do lado de cá das páginas também. Assim como os personagens cresceram, o número de páginas cresceu (com mais de 600, Paula agora não quer ser mais a Meg brasileira, e sim a J.K. Rowling tupiniquim, rs!), o sucesso da série cresceu (e agora eu não preciso mais ficar de fotógrafa da Paula, porque já vem alguém da editora dando toda a força pra isso, rs!), a escrita da Paula cresceu e... EU cresci também.
* E já que estamos falando em HP, talvez esse seja o livro da série com mais citações do bruxinho. Eu sei que em determinado momento chega a ser explicado que a fixação com HP é por causa da visita aos estúdios da Warner, mas não pude deixar de associar também à estréia do último filme da franquia, no ano passado.

Em determinados momentos de FMF4, eu não senti saudades só dos personagens. Mas também senti saudades de mim. Da Elisa livre de responsabilidades que podia fazer o que desse na telha. Da Elisa que ria o dia todo na presença dos amigos do peito, sem se preocupar se o que ela dizia ia ser mal-interpretado. Da Elisa que não chegava em casa tarde e sim DE TARDE e ainda tirava aquela soneca depois do VideoShow.

Mas, como ia dizendo, estamos de volta com FMF4, 5 anos (!!!!) de onde paramos no último volume. E para preencher essa lacuna, eis que somos apresentados ao recurso narrativo do flashback, utilizado aqui de forma muito parecida com o que era feito num dos seriados mais legais de todos os tempos: Lost*.
* O mesmo recurso é utilizado na nova Once Upon a Time, que, não por acaso, foi criada por ex-roteiristas de Lost. Crocantíssima essa série. Fica a dica.
** Eu sei que a Priscila é que gosta deles, e pensei até em trocar a referência para Três Vezes Amor – filme 5 estrelinhas de onde foram tiradas as citações de abertura e outra já quase no final deste volume, mas já que o filme da Fani vai virar seriado mesmo – AÍ TEM, VIU! Estamos de olho! – vamos continuar com Lost, que é o paralelo perfeito).

Tal qual o seriado da ilha perdida, o livro se alterna entre cenas do presente e outras do passado, de forma que as diferentes linhas narrativas se complementem de imediato (há quem diga que Lost é a única série da TV com linguagem literária justamente por causa disso). No caso de FMF4, o livro ainda foi dividido em 3 partes, para que contássemos pela primeira vez com a presença do ponto de vista narrativo do Leo.

E aí eu devo confessar pra você que, quando terminei a parte da Fani, que estava num momento crucial, e vi que logo após havia mais 200 páginas do Leo, eu fiquei meio revoltada. Fiquei com raiva! Me senti TRAÍDA como leitora! “Poxa vida! Voltou tudo logo na parte boa pra contar essa parte do 3º volume DE NOVO!!! ISSO AÍ É REPETECO!!! De um jeito ou de outro eu JÁ VIIIII!!!!”. Demorou umas 100 páginas pra passar a birra da narrativa do Leo. Deu vontade de apertar o flashfoward e ir passando as cenas até chegar logo na parte 3. Mas, fazer o quê? O jeito foi virar as páginas loucamente até chegar finalmente à Terra Prometida (o apê da Fani).

Mas, depois de ter passeado por lá, também devo confessar que eu queimei minha língua de leitora impaciente, porque, da maneira como as coisas foram se desenvolvendo, acho que não tinha como ser do outro jeito, sem passar pelos 40 dias no deserto.

E já que estamos falando do final, se o fim de Lost teve direito a muita luz, é claro que o final de FMF ia ter muita Luz... Câmera e Ação! Porque se as duas primeiras partes me deixaram em banho-maria, a terceira veio QUENTE, fervendo!

É óbvio que a Fani ia ficar o Leo. É óbvio que ele ia entrevistá-la em algum momento. É óbvio que o acerto definitivo dos dois TINHA que ser num aeroporto (cenário sempre presente na história dos nossos mocinhos aéreos. E taí mais uma semelhança com Lost, que vira e mexe sempre revisitava o portão de embarque da Oceanic). É óbvio que a cena de despedida TINHA que ser no casamento da Natália (e é óbvio que mais “alguém” poderia sair comprometido daquela festa). Mas, quem disse que o caminho até lá ia ser fácil? Foram 200 páginas de puro frenesi e muita maldade do destino para cima de Fani e Leo!!!! Como é que duas pessoas podem ser tão teimosas? Como é que pode duas pessoas se desencontrarem TANTO????

Na verdade eu sei, sim. O “destino” dos dois tem nome e sobrenome (com aliteração nos dois) de uma autora muito talentosa: Paula Pimenta.

E acho que o maior elogio que eu poderia fazer é que a Paula não é a Meg Cabot brasileira (e eu posso falar isso com toda a propriedade porque sou doutorada em Meg Cabot :P). Ao fim de FMF4 (seu quinto livro de ficção), percebi que, apesar de lisonjeiro, o rótulo não lhe faz jus, porque o estilo da mineirinha é dela. O modo de narrar, o jeito de conduzir a história, os fatos sempre muito intrincados, a delicadeza dos personagens... É tudo dela e de mais ninguém!

E ela está ficando cada vez mais abusada, senhoras e senhores! Além de deixar o leitor de molho durante páginas e mais páginas, deixando-os enlouquecidos capítulo após capítulo, agora deu pra ficar mandando indiretas, dando piscadelas cheias de segundas intenções através das páginas! Vê se pode um negócio desses!?

Vê se pode a pessoa colocar o nome da produtora da Fani de Film Movie Factory SÓ pra sigla ficar FMF? Vê se pode a entrevista da Fani ser praticamente uma “cópia” daquelas dadas pela própria Paula por aí (Fala a verdade, Paula! Você trocou só as palavras “livros” por “filmes", né? Rs!)? Vê se pode ela ficar fazendo alusão aos 4 livros da série, como na hora em que a Fani fica dizendo que o filme dela era dividido em 4 partes ou quando a Cecília sugere que o Leo ia levar 4 livros até seu próprio final feliz? Vê se pode uma “amiga” do Leo (Aham, sei! Saquei desde o início onde isso ia dar!) “adaptar” a história deles pra uma série de livros?

Isso também tem nome, senhoras e senhores! Chama-se metalinguagem, e eu aplaudo DE PÉ quando encontro qualquer resquício dela por aí. Sinal de inteligência de quem escreve, confiando na inteligência de quem lê.

E enquanto sobem os créditos, acho que o aplauso para FMF é mais do que merecido.

Ah, mas toda comédia romântica que se preze tem que terminar com música, né?



Pronto. Pode subir as letrinhas agora, vai!

Créditos
Resenhas anteriores
FMF1 e FMF2
FMF3

Agradecimentos
Paula Pimenta
Mãe
Pai
Tio
Cachorro
Papagaio
Caravana de Nilópolis
E especialmente para Xuxa!

Músicas
Destinos
Pointless nostalgic
Coisa de cinema

Referências
Procurando Nemo
VideoShow
Lost
Once Upon a Time

In Memoriam
Josefina, para sempre em nossos corações s2


Cena pós-créditos (já que a Paula está criando seu próprio Universo Marvel, nada mais justo do que a resenha ganhar uma gracinha pós-créditos)

- Tinha tempos que eu queria fazer uma piada com o nome do Leo e um funk carioca que fez sucesso em 2008 (ainda mais que andou uns tempos aqui no Rio), mas desisti. Não adianta insistir que eu não vou dizer que ia substituir o nome dele no refrão, igual a gente fez com uma menina da nossa turma no Ensino Médio. Isso não ia ter a mínima graça.
- Quando eu lia o nome do Alejandro, sempre lembrava que minha irmã estudou com um Diego Alerrandro (a mãe dele era muito fã do Zorro). Muito pior que Meredith, fala sério!


Tá, agora acabou mesmo!

4 comentários:

  1. Eu gostei mais da parte 2 que da 1. A Fani praticamente ficou só no passado (quando não era nos flashbacks, era contando as coisas pra Gabi), isso me cansou um pouco. Mas a 3 é a melhor de todas! Li tudo numa tacada só e, quando percebi, já eram 16h de sábado e eu ainda estava na cama. O final foi uma novela, eu não aguentava mais tantos desencontros!

    AMEI o nome da produtora, dei uma boa gargalhada quando vi. E o negócio da história dela virar livro, então... Muito bom! Também amo metalinguagem, mas não é sempre que os autores conseguem fazer as coisas direito. Parabéns pra Paula, porque ficou ótimo. Aliás, parabéns desde o início da série. Ela realmente tem um estilo único. O que eu mais gosto é que ela consegue dar vida a TODOS os personagens. A maioria dos autores tem que escolher alguns pra destacar, mas a Paula parece que não está nem aí pra isso e decide que cada um tem sua própria história. Amo coadjuvantes bem desenvolvidos.

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    1. Pois é, Cíntia. Também reparei que a parte da Fani só falava do passado, mesmo quando não era flashback, e isso também me cansou. Por isso que quando ela acabou (na parte que realmente interessava) e eu vi que vinham mais 200 páginas do Leo, e ele começou a narrar coisas do FMF3 (!!!), eu fiquei revoltada. Acaba que a história só "começa" de verdade na parte 3, digamos assim. Do jeito que as coisas foram se desenvolvendo eu até acho que não tinha muito a ser feito, mas senti falta de mais dinamismo até ali. Também não aguentava mais tantos desencontros ali naquele final, estava agoniada já!!!!

      Curti demais essas meta-referências que ela colocou. E realmente ela tem um estilo único. Sobre os coadjuvantes bem desenvolvidos, sem dúvida é um ponto positivo dela também. Mas não necessariamente eles "PRECISAM" de uma série solo para ganharem destaque. Gosto muito quando os coadjuvantes têm destaque como coadjuvantes mesmo, montando uma história parelela, uma piada recorrente... E a Paula faz isso também, com a mãe da Fani, por exemplo, que tem uma tara pelo curso de Direito, rs!

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    2. Eu, como adoro séries, ficaria feliz se houvesse uma de cada personagem. É óbvio que isso nunca vai acontecer, mas o legal é que ela pode simplesmente acordar um dia e decidir "oh, quero escrever um livro de fulano", que vai ser um personagem conhecido, não um nome aleatório que aparece no meio da história. Como, sei lá, o chato do Alan na Bahia. E, mesmo quando não há spin-off nenhum... A família, a escola, os amigos, as pessoas ao nosso redor influenciam em quem nós somos. Por isso não gosto de livros em que a protagonista não tem um background, fica apenas aquela coisa entre ela e um interesse romântico, por exemplo.

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  2. Simplesmente AMO FAZENDO MEU FILME! é uma outra realidade na nossa vida! é um daqueles livro incríveis que faz a gente prender o fôlego
    toda hora! pra mim, fazendo meu filme e minha vida fora de série são os melhores livro do mundo! paula pimenta é incrível! essas histórias realmente tocaram meu coração e mexeram com a minha cabeça! virei fã de 1 hora pra outra! e parabéns pelo blog, lindo! gostei muito de verdade!
    bjs... bia p.

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